Poesias
O CAMBURÃO E A SALA DE AULA
O Governo anuncia
30 novas viaturas
Construção de mais 04 presídios
Enquanto isso:
Escolas vazias.
Vazias de que
E não de quem
Pois as crianças nem merenda tem
Nem livro
Nem cadeira
Nem professor
Educadas para quando forem abordadas
Chamarem o polícia de Doutor!
Aliás… Vivemos num tempo moderno
Viatura tem ar condicionado
Um só clima no verão
Um só clima no inverno
Mas a sala de aula
Cumpre outra função: a de sauna
Graças as paredes de zinco
Governo anuncia:
Que hoje as viaturas tem internet banda larga
Enquanto as crianças não tem computador, na sala
Mas será que só existem diferenças?
E a proximidade?
As escolas não possuem algemas
Mas também são cercadas por grades
Quem está dentro do camburão tem toda facilidade
Ticket, bom salário
Se não está de carro, nem no ônibus paga passagem
Enquanto isso professor faz…
Greve, Greve, Greve
Quem educou o policial menos que o policial recebe
E eu?
Ei de viver o bastante pra ver um Brasil com justiça
Onde um professor receba mais que um polícia
A COLÔNIA
O saber me é negado
Desprezaram minha raiz
Nas argolas do submundo me amarraram
Fui esquecido pelo país
Restou-me ler nos livros
A história de um povo submisso
Cabisbaixo e preguiçoso
Uma colônia de conformismo
Li que o invasor é o herói
Que o natural da terra é selvagem
Esta nação não foi erguida por nós
Mas por coroas de coragem
Que entravam mata adentro
Bandeirantes, catequistas
Encontravam minérios e fruto
Mas estupravam as indígenas
Esta parte não foi contada
Pra muitos não existe
Pois a educação foi comprada
Por gravatas imundas da elite
Puseram um quadro negro
Depois trouxeram o giz
Na senzala vejo cadeiras
A cada sentar uma cicatriz
Mais que chibatadas e correntes
A desigualdade muito me fere
Ao saber que governadores e presidentes
Em educação nada investem
Pois o conhecimento não é de interesse
Melhorias no ambiente da escola
Predominaria nos gabinetes o medo
Pois o jovem saberia em quem vota.
OUTRA CARREIRA
... Victória, filha de Esdras
Daquelas com sobrenome difícil
Desde o início, teve de tudo
Mas preferiu outra carreira...
Sumiu no mundo
Escola faltava, pro pai não ligava
Num camaro amarelo dançava
Convites, copos de uísque
Camarotes Vips e baladas
Vestido chique e caro,
Sexo sem segurança
Mas hoje tá aqui ó
Em cima de uma cama ...
Os olhos fechados que refletem o passado
Um rosto enrugado que apresenta a tristeza e cansaço
Doenças....
Várias dores no corpo
Um leito com cheiro de fezes, urina e mofo
Não lembra o passado formoso,
Sorrisos e flashes
Baladas e beck
Shopping e cash,
Cartões e cheques
Uma vida rica, desde a infância
Castelo da Barbie, viagens...
Disney, fim de semana
Glamour!
Roupas de marca, escola particular
Num piso de mármore,
Da Vinci e Galois
Mas o pai onde tá?
A mãe onde tá?
Criada por programas de TV e por babás
Ironia!
Babá cria a filha de um rico
E na periferia
Quem cuida de seus próprios filhos?
Talvez por isto, é talvez.
A patricinha mimadinha siga suas próprias leis
Aos dezesseis, gravidez, primeiro aborto
Mas não é apenas um feto que surge em seu corpo
Sente dor ao urinar
Sem um pai pra conversar
Sente vergonha de falar com a babá
Que lhe foi mãe de leite
Acalanto
troca fraldas
A mesma chamada de suja e negra-ladra
Quando trocou a joia de debutante
Por gramas de maconha na escola, com um boy traficante
Mas nada é como antes
No leito do hospital sente o fel
Queria o café da manhã com o pai
Mas lhe resta um coquetel
Com quase trinta, aparenta o dobro
Pele queimada, descabelada, na veia um soro
Que lhe alimenta
Já faz uns dias
Enquanto a enfrenta
A Síndrome a imune deficiência adquirida
Da Victória, filha rica?
Nem a aparência
A Victória enfrenta a derrota na crise de abstinência
Nessas horas, nem dinheiro compra solução.
Fecha os olhos e se arrepende...
Enquanto doente
Sente o último pulsar...
Do coração!
NÃO NEGO MINHAS RAÍZES
E hoje sou a Revolta dos Malês,
Sou Palmares
Sou Canudos
Sou Margarida Alves
Sou a jangada de Dragão do Mar
Sou Lampião, Elizabeth Teixeira
Sou a sanfona
A cantoria e o repente
Sou as Ligas Camponesas
Sou as dunas de Natal
A beleza em Tambaú
Sou as ruas de Pelourinho
Sou o velho Chico e o Pajeú
Sou Juazeiro e Petrolina
Sou o frevo em Olinda
Sou o tambor, Maracatú
Sou a Criança desaparecida
O pai, o carro e o filho
Sou a Saga de um vaqueiro
E Asa Branca rumo ao paraíso
Meu vaqueiro, meu peão
Sou força, fé e paixão
Sou Baraúna, sou NORDESTINO!
Aos 08 de outubro de 2014
COLEIRAS
E nós domesticamos animais
Logo esses animais ocuparam nossos lares.
Mas nossos lares foram ficando menores
Menores
Menores
Logo não haviam ruas, praças, árvores
Apenas prédios
E os animais domesticados
Tornaram-se animais domesticados sem teto
Os devolvemos as ruas
Agora não enfrentavam apenas pulgas
Mas mau tratos
Carne com veneno e vidro quebrado
Chuva, frio, morte.
E nós ficamos carentes, como pode?
Mas como somos inteligentes, logo criamos o Tamagoshi
E estávamos ali
Demos banho, comida, carinho
Aquecemos durante o frio
A mulher rica logo avisou: não quero mais filho!
Mas logo o Tamagoshi ficou ultrapassado
E fizemos com o animal virtual
O mesmo que fizemos ao animal domesticado
E mais uma vez ficamos carentes, como pode?
Mas como somos inteligentes, criamos o computador, iphone, ipode
É bem melhor! O celular não sente o mau hálito
Ao acordar logo conferimos se tá carregado
Antes mesmo do bom dia
Antes mesmo do abraço
Ainda sonolentos
Mesmos sem o velho e bom alongamento
Daqueles que num passado você se revirava na cama
O seu perfil social, aliás virtual
Lhe afasta de uma face humana
E um dia domesticamos animais
E um dia criamos tecnologias
E hoje em dia
Esta mesma tecnologia, nos domestica
É o beijo no filho trocado pelo computador
É o silêncio infernal de uma viagem no metrô
São as faces em tom azul
Os dedos que deslizam um a um
Num ambiente de isolação e desamor
E um dia tivemos relações sociais
Logo haviam visitas em nossos lares
Mas foram ficando menores
Menores
Menores
Logo não haviam frango frito no domingo
Pular fogueira na festa junina, ter madrinha e padrinho
Adedonha, paredão, pular elástico
Trocar o vale transporte por ficha
O garrafão ou o primeiro beijo sabor salada mista
Mas quem liga?
Melhor compartilhar com o mouse
Do que compartilhar a vida.
P.AI A.MIGO, P.RESENÇA A.MOROSA
Numa destas idas a comercio deparo-me com uma conversa entre o cliente e uma vendedora, onde o homem relata que está muito cansado do trabalho, que trabalha demais para pagar a Pensão Alimentícia dos filhos. Até aí tudo bem.
Porém insistia em falar que trabalhava demais, trabalhava demais... Por medo, pois sabe que se não pagar a ''polícia viria atrás''. O fato de colaborar com a educação dos filhos, com a alimentação dos filhos, com a saúde dos filhos não foi sequer tocada.
Intervi educadamente na conversa citando estas questões, que P.A é o mínimo do mínimo, que devemos sim, ser e está presentes com nossos filhos e filhas. O irmão silenciou-se e refletiu com um ''é verdade campeão, é verdade''.
Compartilho esta situação com vocês (nós homens) para refletirmos alguns instantes em quão monstros somos, pois tal abandono, aliás preocupação financeira à frente do bem estar de crianças é sim monstruosidade. Saiba - e lute - que precisamos ressignificar esta sigla!
P.A é pai amigo,
é presença amorosa,
é palavra que alivia,
é professor-aula,
português, álgebra,
é paz, é alma!
Pois você pai também sabe,
que o maior alimento não está atrás de quaisquer quantias,
mas sim no calor e afeto da companhia.
Sim,
que nós homens possamos evoluir
e que P.A nunca mais signifique
Pai Ausente ou Pensão Alimentícia,
mas paz...
mais paz,
mais pais e alegria.
JÉSSICA
Jéssica
Teve tudo que quis, nem tudo precisava
Convite pra balada, aceitava.
Uma latinha balançava
No cartão de crédito uma carreira cheirava
Mas não a carreira que o pai lhe desejava
Seu José foi mãe e pai
criou sozinho
Vaga em escola, fila do posto de saúde enfrentando o frio
Em lan house fez currículo
3x4 tirou
Distribuiu com fé em cada
Agencia do trabalhador
Enquanto isso Jéssica se revolta
Pelo celular presenteado que não era da moda
Quando vai à escola logo o desliga
Faltava aula e lá está Seu José preocupado com a filha
E faz três dias, que não volta pra casa
Na mochila, panfletos e mais panfletos de baladas
Cama revirada
Celular inúmeras chamadas
O pai atende ao som de Ela tá virada
“Ai loirinha, a chola ta pronta
Tem escama, uns lança, maconha
Muito som do bom, funk e muito Rap
Lhe enviei o endereço por SMS”
Seu José não acredita no que ler
Entre a caixa de entrada há vários não lidos:
Cadê você?
Mensagem que ele envia desde sexta
Foi à cômoda e pegou uma caneta
Escreveu o endereço
E foi atrás do amor de sua vida
E grita:
Jéssica minha filha
Responde por favor, precisa de ajuda
Papai te ama, por favor me desculpa
Faltou trabalho, foi demitido
Dormiu na rua, sentindo frio
Preocupações e calafrio
Atrás do amor que o mesmo amor lhe omitiu
Jessica
Pela primeira vez chegou em casa
Não tinha café da manhã ou mesa feita
E lá está a mesma preocupada
Pensando no local onde o pai esteja
Pegou o celular leu cada mensagem
Envergonhou-se do pai, de cada bobagem
Tomou coragem e fez à ligação:
Pai cadê você?
Ele atende e diz: Estou em qualquer lugar, menos no seu coração.
INVISÍVEIS
Olhe nos olhos
daquele
daquela
Que distribui panfletos
Receba-os
Para aquele
Para aquela
Traz o pão, é emprego
Não vê a criança
Com halls
Chiclé
Jujuba?
Dá importância
Pensa no mal
Sobe o fumê
Chama viatura
Qual a cor
De quem está na rua
Ou limpa o piso
da loja?
Qual a cor
Da sala do Galois,
Da Vinci
ou da Católica?
Metamorfose
Nosso povo
se transformou em:
Homem placa
Mulher placa
Exame admissional
Compro ouro
Dentista-quase de graça
Pra construtora
Balança bandeira
Anuncia suposta promoção
Enquanto é
Afastado para lonas e madeiras
No Entorno da Especulação
Na ficção
A invisibilidade é poder
Heróis e Heroínas
Na nação
A invisibilidade é morrer
Doenças e chacinas
Viu o sanfoneiro?
80 anos
Debaixo do sol
Pele queimada
Perfil brasileiro
Roubado por bancos
Coisa normal
Cena diária:
Sou cego
Mas não me entrego
Canto forró
Toco sanfona em troca de moedas
Futuro incerto
Não nego
Pois quem passa
Também não enxerga!
Resta
Um alerta
O mais difícil é olhar pra si
E se
Foi invisibilizado
Invisibilizada
É hora de reagir!
MELHOR FORMA
O que acontece? Vivo, respiro Rap, Rap a gente canta
Primeira música – Uai... Já ta doendo a garganta?
Por favor, o microfone ta baixo, aumenta o retorno
To rouco! Desço do palco e logo escuto: Markão você ta muito gordo
Sua camisa ta puro suor, parece que tomou “banhe”
Não, não, vou lhe falar o melhor, uma fã jogou champagne
Nossa que louco você conhecia a mina
Nada, estava indignada, pois havia pedido era pinga
Já previa, na rotina artística surpreendente
O talento não importa, na hora escuto, oh o MC Fat Family
Eis o MC Amedrontado num palco de madeirite
Joga a mão pra cima e diga How Willy
Verdadeira saga encontrar uma roupa GG
Minúscula, mas digo a vendedora, acho que vai caber
Entro no provador, do pescoço seque passou
Mas não me entrego! Moça não vou levar, não gostei da cor
Em meio a insistência, compro e saiu sorrindo
Levo a costureira e digo, e cada lado aumenta 10 cm.
E o povo pergunta: Modelo novo? Que luxo
Lógico, excesso de gostosura, estilo único
Caminho com a camiseta, sob uma social aberta
Não por moda, mas é que o botão não fecha
Corpo de atleta, disputa acirrada dependente do menu
Levantamento de talheres, competidor número um
E ae Markão, vamos jogar futebol parceiro
Atacante? Você escolhe goleiro ou zagueiro
Torneio na escola... Vários gritando
Mau entrava no jogo e já ouvia: Juiz tem duas bolas em campo[
Em meio a ironia quantas vezes eu choro
Olho minha família, minha vida, cá estou obeso mórbido
Excluído num canto, o olhar, o julgamento, a roleta do ônibus
Fora do padrão, da sociedade plácida, sem neurônio
Pra sociedade falta-me apenas vontade pra redução do peso
O que dói não é a doença da obesidade, mas o preconceito
Covarde, com bulling, que machuca por dentro
Prefiro meu peso, meu jeito, ao ser anencéfalo sem sentimento
Quais investimentos em políticas de segurança alimentar
Da 1ª a 8ª série só fritura, gordura, açúcar e o controle remoto pra trocar
De canal durante a propaganda da guloseima divertida
Brinde, embalagem colorida, tazomania, 1ª infância – milicalorias
Pra onde ir agora?
Senhores, senhoras
Grato pela atenção!
Markão: Em sua melhor forma.
O deus
Thor: O rico, acha mesmo que é um deus
Atropela, mata, ainda sai queimando pneus!
Thor, o da ficção
Tem poder a partir de um martelo na mão
Thor, de nossa nação
Tem poder a partir de um martelo... Da justiça a disposição
Observação:
Os deuses devem está loucos... Aliás 'apenas' milionários!
COMPOSTOS VERTIGINOSOS
Todos são iguais perante a lei...
sem distinção de qualquer natureza
Li isto num livro onde a capa
É ilustrada por nossa bandeira
Besteira, fantasia? Tal artigo de nada serve
Disto estou convicto
Pois vivencio
O banditismo do GDF
Mas e claro! Os laços de amizade são mais fortes
passe livre ao estudante não!
Pois o amigo empresário sentiria nos cofres
Como pode?
Constantes derrubadas de barracos
Mas no alto do planalto permanecem intactas,
Construções irregulares
As margens do lago.
Cerrado devastado, especulação
Erguem reinados com a construção
Integram o estado com a eleição
Terrenos destinados a outros fins
Lógica macabra há negociação
Que se abra, a licitação
Propina revestida de doação
À honesta campanha que enfim
Acolhem em palácios emergentes
Num gabinete repleto de parentes
O criador e criatura desmascarados
Herança ou malditos atos
Praticados cotidianamente
Que se prendam os culpados
Respeitem o artigo
Atendimento personalizado
É barra pesada pra você meu amigo?
Quem o escreveu o artigo sonhou demais!
Ou é ineficaz minha leitura?
A culpa? Provém de incapazes de governar uma 'república'
Incompetência ou proveito próprio?
Escolha a alternativa
Em uma escala de zero a dez
Pontuação máxima atingida
Números... Lembram-me de certa conta
Que englobam a divisão e descartam a soma
Desigualdade televisiva,
Matemática racista
Dois negros do Big Brother
Casa dos Artistas
Criminalizam o caráter
visualizando a roupa que visto
Encontram a maneira mais fácil
de ignorar meninas e meninos
Privando-se da culpa e responsabilidade
A cegueira social entrega-os as ruas e não aos lares
A fome e frio são vencidos aos maus olhos burga
De um lado material escolar, de outro fuga
Intitulados a delinqüentes
Entregues ao vício. Quem vende?
Responsabilizando comerciantes
Mas e os coniventes?
Que se omitem perante as práticas corruptas e mandatos
Que só assistem o próprio suicídio a prazo
E somente quatro anos depois se lembram de cobrá-los.
(Senão colocarem em risco seus cargos comissionados)
Eis a questão! Quem sabe faz a hora
Sai muito caro.
Saúde e trabalho
Nossa ambição e demora.
Caso sejamos iguais em uma natureza
Que não sejamos animais selvagens
Que aceitemos a beleza
Da vida e não do capital sujo e covarde.
Que o ensinamento individualista
Seja apagado de nossos livros
Que reine em nossas atitudes
A vida, mas em coletivo!
ALIENAÇÃO EM 42 POLEGADAS
Parei... Olhei pra mim, tive nojo
Peguei-me assistindo ao Pânico e rindo de meu povo
Tornou-se normal, preconceito lidera audiência
Enxergamos defeitos na diversidade ou deficiência
RISOS
Do outro lado 'feliz' comentário do galã das oito
O negro quando dança passar a ser branco, olhos verdes, louro
Ai vejo que é tudo igual
não importa o canal
Tanto no pessoal quanto no profissional
O SILÊNCIO DA VIOLÊNCIA
"Nós crescemos achando divertido
A violência entre o Chaves e Kiko...
As agressões que sofrem os professores também tem origem histórica
Lembra-se das palmatórias?
Nossos pais foram educados na violência
Nos educaram na violência
E agora só pedem paciência
Famíia não existe
Estado se omite
Polícia reprime
O jornal imprime
Mídia faz novela, desenho e filme...
E a toda violência na TV meu filho também assiste!
Onde isso irá chegar?
No cranio quebrado após o soco da menina super poderosa
Violência colorida infantizada em tom de rosa
Nega-se atenção!
Meu filho agora não, estou no computador
Ao filho resta a violenta tela de um televisor
Que neste momento traz o BOPE
Faca na caveira
O violento policial é herói de uma geração inteira
Tá reclamando menino?
Não há diálogo, só castigo
Professor, pai, mãe dizem: Ajoelha no milho
E o estado faz por onde
Desvia
Esconde
Sonega
Criminaliza, mas não cumpre o ECA
Que pra muitos é o responsável
pelo "menor" assassino e que "trampa" no tráfico
Mas cadê o estado que nunca ofereceu escola e flores no parque
Que nunca tratou a infância como prioridade?
Por que do silêncio?
Talvez porque voce também é violento
São antonimos: Violencia e silencio
A violencia fisica é fruto de outra violencia, do pensamento
Ou seja
Da negação ao conhecimento
Das potencialidades não trabalhadas
Da infância sem alimento
Da falta de água
Da água que invade o barraco
Da mulher que não estuda
Não assinou um cabeçário
Tem o polegar como assinatura
A violência midiática
é só pra silenciar esta verdade a muito escondida...
E voce... Se silencia?
NÃO POR AMY...
Eu lamento... a perda recente que obteve a 'arte'
Com a morte da artista Amy Winehouse
E a sociedade aproveita o momento e desvia olhares
Para as crianças BRASILEIRAS consumidas pelo crack
Bem é verdade que ela tinha luxo, prêmios da acadêmia
Desfrutava de paparazzos que lhe acompanhava às clínicas
Já em Brasília, não há clinica de recuperação
E os cacetetes transformados em medicação
Lágrimas vituais, aliás uma militancia virtual
Praticadas pelas geração perfil social
Que se aproxima das teclas e se afastam realidade
Choram com as crianças drogadas do Profissão Repórter, mas não pela cidade
Diferente da Amy Winehouse, não têm uma bela voz
Aliás, nunca ouvidas, pois sempre estão a sós
Diferente dos universitários com camera e microfone na mão
Vivem com dedos queimados e cabelos ao chão!
Chore agora...
GOTA DE UMA NUVEM NEGRA
Lembro-me do cheiro que exalava a terra seca
Ao ser tocada por uma gota de chuva.
Dos cantos dos pássaros que transmitiam
Suas alegrias em forma de música
Vi os animais correndo de um lado ao outro
Juntos como se fosse dança
Nos rachões do chão corriam rios que se encontravam
E desaguavam no mar de minha esperança
O azul belo e triste do céu foi tomado
Por nuvens negras feitas pra chorar
Como um passe de mágica, vi um cinza dá lugar ao verde
A terra virá tapete e eu poder plantar
Num instante vi o mandacaru florar
E o aveloz ter suas forças renovadas
A cacimba foi bebendo e o lamento foi cessado
Em meu telhado: bicas d’água
O barro das paredes de minha morada foi se perfumando
Como se fosse incenso
Ajoelhado à imagem de Cristo menino
Chorei sorrindo em pleno agradecimento.
Pela enxada enlameada
ao cultivar o roçado
Pela cacimba com água
pra dar ao gado
Pelo verde do umbuzeiro
Pela rede e o candeeiro
Um balancer entre afagos
A lenha no quintal encharcada,
não é motivo de lamentação
Prefiro a lenha sem utilidade,
do que te-la e não ter feijão
Meu teto num tem modernidade
Um cheiro no cangote da veia a tarde
Só um radin de pilha é diversão
Minha vida é simples, sou trabalhador brasileiro
Pião com jibão tangendo garrote
Chamado de home do campo, valente sertanejo
Pião de boiadeiro, nordestino forte
Minha geladeira é um pote de barro
A água resfria, mas não gela
Se a dispensa estiver vazia, sem prato
Junto uns trocado e vou na bodega
Escambo do norte. Eu troco a saca de milho
Por farinha, sequilho, soda e manteiga
Andando uma légua e logo eu avisto
Que dia de domingo é dia de feira
Engraçado como a chuva nos traz felicidade
Minha parede tem imagem fazendo oração
Mesmo na seca alegria me invade
É a face da esperança e da fé no sertão
Aqui me despeço em verso fazendo reza
Pela prosa singela, milagre e beleza
Pela vida do céu que traz vida a terra
Obrigado pela gota de chuva daquela nuvem negra.
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Um comentário:
Aprendo e me reciclo cada vez que leio suas poesias irmão, sua música e escrita é alimento para mente e para alma, Referencia pra mim orgulho da quebrada!
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