05 fevereiro 2008

Nossa Cultura


O Hip Hop é a cultura urbana de maior responsabilidade com o gueto, pois é fruto e filho do gueto. Responsável pelo resgate de milhares de jovens da criminalidade e do submundo das drogas. Isso se deve a 4 elementos e 3 pilares que compõem o Hip Hop: MC e DJ (música), Dança de rua (dança) e Grafite (arte plástica).
Cada elemento em sua individualidade possui uma ação concreta e expressiva em sua própria história ou técnica. Esta cultura fomenta ações de solidariedade e cidadania, além de criar um espírito sócio-político questionador da atual conjuntura nos adeptos e praticantes.
A palavra Hip Hop deriva dos verbos ingleses To hip e To hop (saltar e mexer os quadris), assim foi intitulado em 12 de outubro de 1973 por Afrika Bambataa, representando as festas e encontros de cultura negra.
Para conhecermos melhor esta cultura tão completa e complexa temos que entender a fundo a história de cada elemento.

Grafite
– Acredita-se que este foi o primeiro elemento a ser criado. A muito tempo, antes mesmo de dominarmos a escrita, desenhávamos em paredes de cavernas e rochas a forma como caçávamos e vivíamos, pois bem, isto não é grafite? A própria palavra deriva do Latim grafito que significa escrita em rocha com carvão.
Muitos ainda acreditam que não só o grafite como todo o Hip Hop provém dos Estados Unidos da América, mas o grafite da forma como conhecemos trabalhado em Spray, já em 1958 era produzido no México.
A arte plástica do Hip Hop conta com 4 estilos de letra que são: Trow-up, Freestyle(estilo livre), Wild style(estilo selvagem) e 3D(três dimensões), todas provenientes da assinatura(TAG).
Hoje o grafite é a arte que da vida a muros sujos e feios das grandes cidades, e é o principal veículo de resgate de jovens envolvidos no mundo da pixação.

Imagine um estilo de dança que engloba capoeira angolana, ginástica olímpica, balé, artes marciais, funk e boxe. Após esta complexa soma temos o produto final: Street dance (Breaking, locking e popping). E assim novamente quebramos o conceito que diz que o Break é uma dança estadunidense, ressalvando que este país teve grande influência na criação deste estilo.
Em 1929 passamos por uma grande crise, onde bares e boates foram fechados, obrigando seus Tap dancers (dançarinos) a procurarem outra forma de ganharem dinheiro, assim passaram a dançar na rua em troca de moedas e aplausos. Daí vem o nome street dance (dança de rua). Desde então até os dias atuais esta dança vem sendo construída, englobando estilos de dança e esporte.
Temos o break como veículo de suma importância no combate à violência. Na década de 70, durante o seu auge, ao invés de armas gangues rivais decidiam seus conflitos através da dança e isto ocorre até hoje.
O protesto está dentro desta dança. Uma das principais e mais conhecidas manobras desta dança o moinho de vento, foi criado em protesto a guerra do Vietnã, as pernas lançadas ao ar em giros representam as hélices de helicópteros que levavam muitos jovens dançarinos a morte.

DJ – São os disc jóqueis. Responsáveis pela produção de batidas, efeitos e mixagens do Rap. São verdadeiros arqueólogos da música, pois unem batidas de Rap a ritmos pouco populares entre a juventude como catira e repente.
E esta mistura provoca a curiosidade em quem escuta, fazendo com que o ouvinte passe a respeitar a música regional. E mais uma vez vemos a importância social do Hip Hop.
Informações:
- Década de cinqüenta - Dj Big Youth – Jamaica.
- Primeiro grupo de Rap - Dj Kool Herc and Herculóides.
- Dj Grand Master Flash – Criou o Scratch.
- 1973 – DJ Afrikaa Bambataa une os elementos e os batiza - Hip Hop.

MC – São os mestres de cerimônia. Surgiram na década de 60 nos famosos Sound systens jamaicanos. Durante as festas nos guetos, toasters, como eram chamados, subiam no palco e faziam cantos falados para animarem o público, anunciando que alguma “celebridade” chegou ao local, e também levantando na multidão palavras de ordem contra a fome e as condições subumanas que os negros vivem. Foi aí que o Rap nasceu.
A palavra Rap vem do inglês rithym and poetry (ritmo e poesia). Foi levado aos Estados Unidos pelo Dj Kool Herc, onde encontrou a luta por direitos humanos e civis encabeçado por Malcom X e Marthin Luther King, e daí vem seu discurso político.
Essa é a música que narra à vida sofrida dos habitantes da periferia, pessoas que vivem em palafitas, barracos, debaixo de viadutos, pessoas que sofrem com a cruel discriminação por cor, credo e etnia. Essa é música que narra à violência policial, a desigualdade social e a corrupção.
O Rap educa. Hoje ele é um dos principais veículos de resgate da cultura e da música brasileira, seja em suas letras que trazem personagens marcantes da luta popular, excluídos dos livros oficiais de história, ou em suas batidas, que trazem um ritmo regional.
O seu discurso é pela elevação da fraternidade humana, esta é sua essência. Todos os versos que em seu produto final não procuram isto, estão equivocados. O consumo de drogas ou a apologia não permite que a pessoa tenha uma vida plena e saudável, logo não tem a essência.
A influência norte americana é imensa, tem mais visibilidade, mas retrata a minoria. Infelizmente o que chega ao conhecimento do grande público é esta minoria repleta de puro vazio craniano.

HIP HOP: RESGATE, FORMAÇÃO E AÇÃO.