15 março 2012

Capital Bar


Em um bar dos amigos festejando o aniversário
Um pede cerveja, o outro traçado
Engraçado, um adolescente e outro idoso
Comemorando 51 com aparência de 88

Ei, liga pra alguém ai, manda trazer uma CANABIS
Tive uma idéia melhor, alô JOHNNY WALKER tô no “BAR DA CAPITAL” traz um BALLANTINE’S!
E a ERVA? Hoje quero chapar...
Relaxa, isso é igual PEDRA, encontra em qualquer lugar

Eu to velho, mais até falando as cores em inglês estou
Fala ai... Verde? GREEN LABEL.
Preto? BLACK LABEl.
Vermelho? RED LABEL
Agora vermelho escuro! Te peguei (iirru)
Vermelho escuro é: REDBULL

Puta frio, eu todo agasalhado e tu ai de regata
Para de fazer BRAHMA, nem tá assim, sou igual pingüim na ANTÁRTICA
E aquela ali quase pelada, amassando a latinha?
É mais uma DEVASSA que consumiu TEKILA.

PARATUDO! Pensa, calcula: gole + gole = suicídio, você morre
Menos consciência + mais propaganda + doses e doses = cirrose
Com isso, só nos DOMUS mal, desnutrição do corpo e manipulação da mente
Realidade da capital que em cada esquina tem um PRESIDENTE.

Por: Quadrilha Intelectual

13 março 2012

Brasil: Um país com miséria


Este foi o primeiro post de nosso blog, em 2008. Como a situação não mudou, aliás piorou, vimos novamente refletir e mobilizar sobre o tema. O título inicial era 'Dados sobre desigualdade', onde citávamos o título atual. Mau sabíamos que o antonimo seria slogan da atual presidenta. Infelizmente é apenas um slogan!

Um calçado onde o cadarço equivale ao meu salário/Enquanto isso o homem morre a cada três segundos por não ser alimentado. Aborígine

Inspirados neste verso do grupo de Rap Aborígine iniciamos o debate nesta quarta edição do informe militante. O porquê de conhecermos dados sobre desigualdade? Para darmos conta que fazemos parte destes números em quaisquer esferas, oprimidos ou opressores.

É de suma importância que entendamos que a transformação parte de cada um. Precisamos nos conhecer para conhecer o outro. Precisamos mudar para mudar o outro. Isto em construção coletiva, respeitando as especificidades, características e saberes.

Nosso intuito nesta edição é transmitir sentimentos inquietantes, para que estejamos determinados na luta. Você leitor e você leitora não deve ser coadjuvante de sua história, não podemos permitir que uma minoria escreva uma história mentirosa. Estas histórias que lemos nos livros que recebemos ou compramos durante nossa formação acadêmica.

Saiba que fomos educados a não enxergar. O mundo nos diz que devemos ser individualistas, racionalistas, mecânicos. O problema do outro só é meu a partir do ponto que sou prejudicado. Não preciso ajudar. Não preciso comunicar.

Isto se é notado nas festas de aniversário infantis que são última moda. As crianças não se sujam, não se integram. Cantam os parabéns através das teclas em aniversários feitos em “Lan houses”, ou são forçadas a uma “adultez”; Crianças e suas vaidades, salão de beleza, celular.

Entendendo uma pequena parte deste mundo vejamos o que ele provoca:

- A cada três segundos uma pessoa morre no mundo devido a miséria;
- Apenas 20% da população mundial consomem 86% dos bens disponíveis;
- O gasto per capita de um suíço com saúde é 151 vezes maior que um habitante do Níger;
- A cada dez segundos uma pessoa morre de Aids;
- Os gastos militares anuais chegam a U$$ 1 trilhão. O combate a Aids U$$10 bilhões;

Lembramos que estes 20% da população mundial consomem a metade de toda carne e peixe, 58% de toda energia, utilizam 84% do papel produzido e são donos de 90% por cento da frota mundial de carros, enquanto os pobres têm menos de 1%. Hoje neste mundo temos mais de 170 guerras.

Vejamos o Brasil, um pais continental que é primeiro mundo durante o carnaval.
- A renda per capita do Lago sul é de 73 salários mínimos;
- Os quatro mais ricos, somando suas riquezas possuem o PIB de dois anos atrás;
- O Brasil com seus 180 milhões de habitantes está no quinto lugar no ranking de país mais desigual, os quatro primeiros somam apenas 15 milhões de pessoas;
- As elites brasileiras possuem uma renda familiar anual de 450 mil dólares, os outros 99% da população brasileira possuem uma renda familiar de 16 mil dólares.

Estes dados revelam o porquê de a cada 1000 crianças nascidas no Brasil 26 morrem: Brasil – Um País Com Miséria.

Somos um país de indigentes. Este mundo escraviza nossas crianças em carvoarias, em semáforos e em lixões. Impõe a discriminação racial onde 63% dos pobres são negros. Produz a indústria da seca e a migração para grandes centros. Constróis cidades dormitórios, famílias desestruturadas, palafitas, residências em viadutos.

A felicidade é o destino de todos, mas infelizmente a realidade impõe obstáculos. Podemos derrotá-los através de mobilizações e de transformações silenciosas, não somente lutas ou o voto, mas a partir de um amor verdadeiro ao próximo.

Possibilitando-o está junto de sua família em um domingo ou feriado, boicotando o comércio nestes dias. Sonhando, denunciando e partilhando. Procure entidades sociais, procure mudar suas atitudes dentro de casa, escola, trabalho, dê importância à vida em sua plenitude e lute para que a dignidade reine em coletividade.
Você é protagonista.

Fonte: Zine Informe Militante
Autor: Aborígine

Imprestável mente


Atualmente Brasília passa por 02 momentos que chamam bastante atenção: Greve das professoras e professores e onda de violência praticada contra moradoras e moradores de rua. Um debate sobre a ligação história entre a péssima educação na capital da esperança e a violência enraizada na sociedade ainda será travado aqui.

E inicio postando, após refletir sobre tais temas, uma letra composta em 2001.Chama-se imprestável'mente'. E naquela época abordava tais temas que infelizmente tornam-se tão atuais.

Uma boa leitura e ótimo debate a nós. Peço compreensão pela imaturidade em algumas palavras, mas analisando esta letra, imagino a mesma como um TEASER as canções Pangéia e principalmente 'O Circo' que lancei recentemente.


IMPRESTÁVEL'MENTE'

Por gentileza irmão, muita atenção o tema é discriminação
Eis a peste que estremece toda a nação
Eu posso falar, pois tenho direito assegurado na constituição
Um artigo que é desrespeitado, liberdade de expressão

Vim falar sobre racismo e logo fui discriminado
Pois não há espaço pra deixar o povo informado
O que toca no rádio, televisão é exploração do sexo
Induz a atividade sexual precoce, mas sou eu que não presto

Pois falo do homem que enquadra o burguês no semáforo
Da criança sem escola decente que acaba no tráfico
Os professores, os trabalhadores também são desrespeitados
Tudo sobe menos o salário

Também aumentam a dor, a miséria, o sofrimento
O número de pessoas tapando buraco de Br’s para garantir o alimento
Foram esquecidos pelos políticos que elegeram
Vêm o Brasil como aeroporto e mesmo assim usam do preconceito

...Viajam constantemente para o estrangeiro...

Sou discriminado porquê falo da violência em meu protesto
Mas não. A levo a discussão e mesmo assim eu não presto

Eu não presto, pelo o que sonho eu não presto.
Eu não presto, pelo o que visto eu não presto.
Eu não presto, pelo o que sou eu não presto.
Eu não presto, pelo o que vivo eu não presto.


Quem é você pra humilhar alguém por sua cor
Neste país que por negros, brancos, índios foi construído morou?
Então não desrespeite seguidores de outras doutrinas
Que antes da tua existia

Não trate uma mulher como se ela fosse inferior
Não ofenda o homossexual, pois como você tem valor
Dê uma chance para o ex-presidiário se reabilitar
Quem sabe no outro dia ele poderá voltar a assaltar

Olhe nos olhos do mano e da mina que distribuem panfletos
Ajude-os. Não estão roubando, estão trampando mesmo
Isto também vale para o engraxate, o flanelinha
Pra qualquer um que está na correria

Assim como eu que fala por aquela senhora
Preocupada não sabe se sua filha voltará da escola
Falo por quem exige reforma agrária
Não planta violência, quer colher paz. Não usa arma e sim enxada

Falo pelos mendigos que para o sistema não são cidadãos
Através das poesias proponho solução
Mas mesmo assim sou discriminado
Por familiares que acham feia a música que faço

Mas como? Se na dura realidade não vejo beleza
São cenas de dor, horror e muita tristeza.
Mas há uma luz surgindo
Sofrendo com a seca sempre vejo a alegria estampada no rosto do povo nordestino

Sempre digo que a esperança não possui cor, sexo, credo.
Talvez por isto eu não presto.


Eu não presto, pelo o que sonho eu não presto.
Eu não presto, pelo o que visto eu não presto.
Eu não presto, pelo o que sou eu não presto.
Eu não presto, pelo o que vivo eu não presto.



Aborígine, janeiro de 2001.

11 março 2012

Vídeo Educativo VIÚVO


O vídeo acima integra o projeto Aborígine: Juventude, cultura e cidadania, idealizado e promovido pelo artista em tela.

Trata-se do oferecimento de oficinas e palestras de formação em escolas públicas do Distrito Federal e demais entidades, cujo os temas abordados vão de drogadição - conforme vídeo acima - a história local e política. A atividade já percorreu por mais de 80 instituições, dentre escolas, ONG's e grupos de jovens.

A produção do vídeo foi feito em parceria com o artista Fábio Torres,conhecido e talentoso ilustrador de São Paulo, cuja proposta principal é aproximar o debate sobre o consumo de tabaco à crianças e adolescentes.

O projeto teve inicio em 2006, mas três anos depois ganhou CD e Revista, que foram distribuídos nestes espaços. Uma canção intitulada 'Pretérito Imperfeito' fora transformada por educadores em um roteiro de oficina e esta ministrada pelo Rapper.

O vídeo, faz parte de um DVD composto ainda por Extra com entrevistas, fotografias das atividades e clipe animado da música Pretérito Imperfeito. O mesmo será distribuído gratuitamente em escolas públicas de Samambaia - DF.

FICHA TÉCNICA


Artista: Aborígine
Poesia: Viúvo
Autor: Oitto
Animação: Fábio Torres
Apoio: Coletivo ArtSam, Dnego Produções e Prêmio Preto Ghoez

09 março 2012

A Capital

Políticos, médicos, arquitetos, burgueses, engenheiros
Confortavelmente conhecidos como pioneiros

Nós? Pedreiros, serventes, pau de arara, mãos calejando
Expulsos do centro, discriminadamente chamados de candangos

A eles há o verde, arborização, local para esporte diversão
O nosso verde, há muito tempo utilizado por eles, como lixão

Possuem praças, jardins
Irrigados com a mesma água que falta por aqui

Três meninas tomba, Noroeste ergue-se
Cerrado ao chão, Condomínio prevalece
Destinação de equipamento público, por lei modificada
Para construção de Shopping na área pelo parlamentar comprada

Fauna e flora extintas
Menos os animais selvagens da nova câmara legislativa

Lá na capital, eles têm o lago Paranoá para elevar a umidade do ar, facilitando a respiração

Lá na Estrutural, nós temos um lago de churume que sempre que chove, transborda e invade a casa da população

Quão bom é possuir plano de saúde convênio
Para que nossas crianças não nasçam em corredores ou morram nos banheiros
É a falta de leito e higiene misturados a placenta
A capital grita de dor, pede socorro, mas não agüenta

Aqui o natal não tem chester, ceia, e sim um misto de tristeza e fome
E lá na capital governador distribui panetones

Uma Brasília ora pedindo ajuda, proteção
Uma outra ora agradecendo o cifrão, o enriquecimento, a corrupção

A capital é um filme no cinema
A capital é um filme no cinema

De um lado final feliz, de outro trágico
Eles tem pontos turísticos e aqui pontos de tráfico

Comum entre as Brasílias
Porém eles possuem dinheiro pra pagar a clinica
De recuperação aos seus dependentes e pra gente
Não há clinica de recuperação pra crianças viciadas, somente:
rua, redução da maioridade penal, prisão: correntes

Eu sigo amando através de minha música, de meus poemas
Construindo para a capital Outros 50.

02 março 2012

Belo Monte desaloja 400 em Altamira



Desde o final de janeiro, 400 pessoas já foram deslocadas de suas casas por conta da repentina cheia causada pelo barramento provisório de um canal do Rio Xingu, na área de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

O alagamento tem atingido inúmeras moradias dos chamados baixões, os bairros mais pobres da periferia da cidade, ocupados por casas de palafita, às margens do rio e canais d’água.
Boa parte dos moradores foram deslocados pela prefeitura para o Parque de Exposições Agropecuárias de Altamira (Expoalta). Uma parcela menor foi para o Ginásio Poliesportivo da cidade.

As famílias foram pegas de surpresa pela enchente. “Estamos acostumados a sair no final de março, começo de abril, quando já choveu bastante e o rio enche muito”, comenta o pescador Manuel, do bairro Invasão dos Padres, que teve sua casa destruída pela cheia e está vivendo precariamente no Parque.

Precariedade

“Eu nunca vinha pra cá. Sempre que enchia, eu alugava uma coisa pra minha família, aí a gente ficava lá uns dois meses. Mas com essa barragem o aluguel subiu demais e a gente veio pra cá”, conta Ronaldo, morador do bairro Boa Esperança. “Aqui é muito ruim”.

As instalações improvisadas pela prefeitura são precárias – no Parque, apenas dois banheiros atendem às cerca de 80 famílias lá instaladas. As caixas d’água chegaram a ficar uma semana sem água. Quedas de energia são constantes. As residências foram construídas dentro de estábulos, stands de exibição de animais e tratores, e barraquinhas de comida.

“A gente acha que eles enchem as caixas com água do [igarapé] Ambé. Muitas crianças aqui, e alguns adultos, estão com diarreia por causa da água ruim”, conta Azenir, moradora do bairro Açaizal, atingida pela cheia.

Ela também explica as dificuldades que a nova moradia implicou no modo de vida de sua família. “Minha filha provavelmente vai perder o ano na escola, porque não tem transporte pra levar ela daqui pro colégio”, lamenta.

“Eu e meu marido também estamos andando uns 4, 5 quilômetros a mais pra ir pro trabalho. Antes eu chegava em 10 minutinhos, contados no relógio”, explica Azenir. Também relata que este caminho é bastante perigoso. O parque de Exposições fica às margens da estrada que vai para os canteiros de obras da hidrelétrica, por onde passam dezenas de ônibus que levam os cerca de 5 mil trabalhadores de Belo Monte. “Um ônibus do CCBM [Consórcio Construtor Belo Monte] vinha ‘disputando carreira’ com o outro, aí veio pro nosso rumo.

Pra não cair pra debaixo do carro, eu tive que jogar a bicicleta pra fora da pista. A gente se arrebentou todinho. Perdi meu celular e as coisas que estavam na cesta da bicicleta”, conta a moradora.

Barramento

Especialistas concordam com a opinião dos moradores de que a cheia antecipada é decorrente do barramento provisório (ensecadeira) do canal do Arroz Cru, na Volta Grande do Rio Xingu. A professora e diretora do curso de Geografia da Universidade Federal do Pará (UFPA) de Altamira, Rita Denize de Oliveira, defende que o barramento está diretamente relacionado à cheia súbita do Xingu e seus braços d’água. “Geralmente, a visão dos engenheiros é de que, se você fazendo uma intervenção localmente, ela não vai refletir sobre a bacia hidrográfica.

Essa ideia é equivocada. Essas intervenções locais tomam uma amplitude, em termos de bacia hidrográfica, muito grande, sobretudo porque na area da Volta Grande você tem uma morfologia bastante diferenciada”, explica.

“Um barramento significa uma interrupção no fluxo natural das águas do rio. Interrompendo esse, reduz-se a capacidade do rio de liberar a quantidade de água que ele recebe”, pontua. No inverno amazônico, onde a quantidade de chuvas no mês de fevereiro é bastante elevada, a situação é mais problemática. “As perdas de água do rio, que aconteceriam naturalmente se não houvesse barramento, não acontecerão porque há essa intervenção nos canais do Xingu. A profundidade do rio foi reduzida, e assim, também se diminui a capacidade dele de receber água e de escoar, de liberar essa água. Com a redução da capacidade destes canais, você muda essa dinâmica, voce gera um excesso de água que vai atuar diretamente sobre essa população que não era afetada neste período, e agora já está sendo.”

A professora alerta que é possível que, com os barramentos, ocorram acidentes mais trágicos no decurso das obras. “Não se pode descartar a possibilidade de um acidente muito mais grave. Em fevereiro, já estamos enfrentando estas cheias. Se o volume de água tem aumentado, obviamente que a capacidade do rio e destes barramentos podem ser excedidas. As barragens podem se romper e teremos problemas sérios, como nas enchentes que ocorreram alguns anos atrás em Altamira, que geraram consequências gravíssimas”, conclui.

As famílias desalojadas moram nos igarapés – pequenos braços de rio comuns na região amazônica – Ambé, Panelas e Altamira, e também nas margens urbanas do Rio Xingu. Os principais bairros afetados foram o Boa Esperança, Baixão do Tufi, Açaizal, Invasão dos Padres e Jardim Idependente II.

Fonte: Xingu Vivo