09 agosto 2015

Aborígine cede entrevista ao FestNegra

O Festival da Cultura Negra - FestNegra 2015 é um projeto da Imaginário Produções que circulará doze cidades do Distrito Federal e região, fomentando debate sobre racismo e intolerâncias / resistência, além de shows e espetáculos.

Dentro disto vários documentários veem sendo lançados, contendo entrevistas com militantes e fazedores de cultura. Nesta episódio convidamos para assistir a entrevista do educador social e música Markão Aborígine.

Acompanhe o projeto: http://www.festnegra.com.br/



Assessoria
contatoaborígine@gmail.com

04 junho 2015

#Fatura

Não!

Não ficaria tão feliz com um milhão de acessos
Ficaria quando no país tivessem um milhão a menos de analfabetos

Quando fossem entregues às crianças
um milhão de livros e mais um milhão de cadernos
Quando nossas periferias formassem
um milhão a mais de professoras
um mihão a mais de médicos

Um milhão de flores
Um milhão de amores
Um milhão de abraços
Quem quer ser um milionário?

Você?

Mas saiba que não será só com um milhão
Amizades
sorrisos
e luta,
não se parcelam com cartão!

29 maio 2015

A Panela


(...)
Não discordo que protestem batendo em panelas
Acho até ideal
Ruim mesmo é protestar sufocado com gás
Apanhando de policial

Quem deras
Que a senhora de 70 anos não protestasse
Dormindo em porta de creche
Para conseguir vaga para neta
E apenas batesse em panelas

Quem deras
Que a população de rua não protestasse
Usando papelões e jornais para se aquecer
Pois faltam cobertas
E apenas batessem em panelas

Quem deras
Que a mulher agredida pelo companheiro
Não lutasse por seus direitos
Num matrimônio que encarcera
E apenas batesse em panelas

Quem deras
Que o trabalhador e trabalhadora não protestassem
Fazendo greves e marchas
Pois um governo patrão seus direitos nega
E apenas batessem em panelas

Mas não!
A panela, não é um padrão
Ainda mais
Com arroz e feijão.
(...)

27 maio 2015

1º Sarau do Moinho


O silêncio de uma feira popular de Samambaia é interrompido por um som com graves e mensagens contundentes, outrora, quem o faz é o som da viola de um repente.

Ao caminhar por corredores onde há farinha de toda qualidade, queijos, doces, roupas, brechós, filmes, com um aroma de comida caseira e nordestina, você depara-se com uma banca tímida, que chama atenção com um grafite lindo do poeta cearense Patativa do Assaré.

Por lá você encontra uma mistura de Literatura de Cordel, com Literatura Marginal, é o povo, em suas diversidades, representado, presente e contando sua própria história. Passando por livros de Toni C, Eduardo, Renan Inquérito ou outros produzidos artesanalmente pela Editora Poesia em Coletivo, você encontra obras de Florestan Fernandes, Paulo Freire, Engels e até títulos sobre a teologia da libertação.

O local? Livraria Moinho de Vento! Onde o padrão da beleza em brinquedos infantis é quebrado e você pode adquirir uma linda boneca negra, feita por artesãs locais. Onde você pode vestir-se da luta contra as intolerâncias e sair com umas camiseta escrita 'Machismo Mata', 'Homofobia Mata'; Onde nomes de obras e trabalhos periféricos estampam canecas e mouse pad's.

Um espaço simples, pequeno, modesto, assim como o cordel, simples, pequeno, modesto, mas que alfabetizou toda uma geração.

No próximo dia 06 de junho mais uma página será escrita nesta Literatura, além de uma livraria, Samambaia, periferia do Distrito Federal receberá o poeta e militante negro 'Nelson Maca' lançando seu livro 'Gramática da Ira'.

A prateleira dará lugar as pick-ups do DJ Liso, os corredores serão ocupados por poetas e poetisas, violões e canções, e neste espaço simples, pequeno e modesto, livros serão autografados e dedicados à algumas paixões, por que não? E isto não é revolução, amar?

O poeta Fernando Borges também estará presente com sua obra 'Favela como ninguém viu', a cantora Anne Baylor também lançará seu livro 'Manuscritos em nó maior', tudo isto ao som do freestyleiro Singelo MC.

É isto, simples assim, Moinho de Vento, Markão Aborígine... pois enquanto houver opressão e violência, haverá luta, ocupação e resistência.

SERVIÇO


O que: 1º Sarau Moinho de Vento
Quando: Dia 06 de junho de 2015, a partir das 15hs
Local: Feira Popular da QR 210, Box 86 - Samambaia Norte

Contato: 61 9602 6711 / contatoaborigine@gmail.com

31 março 2015

Sobre cotas e resposta a alguns imbecis.

Primeiro gostaria de saudar minha ancestralidade, meu nordeste.

Eu sou descendente de uma escravizada, por mais que isto seja silenciado nas conversas familiares. O sobrenome de minha tataravó era Sciole ou Aciolli, nome de origem européia. Por tradição, aliás, por um ato que invisibiliza a memória de negros e negras os Srs. de Engenho os batizavam com seus sobrenomes; Este nicho familiar, comandou algumas capitanias hereditárias no nordeste brasileiro.

Em 2014, um dos candidatos a presidência da república era descendente desta família (Sciole ou Aciolli). "O bagulho é doido"! Aqueles mesmos que detinham o ''poder'' nas capitanias hereditárias são os mesmos que ainda detém ou disputam o ''poder'' hoje.

Antes de prosseguir com o pensamento gostaria de escurecer algumas coisas, primeiro, quando se fala em minoria, não nos referimos a quantidade populacional, mas sim sobre minorizados e minorizadas políticas, e isto existe sim. Somos em maioria, mulheres, negros e negras, porém politicamente são estes e estas que sofrem com maior violação de direitos. Daí concordamos, pois "nunca seremos uma nação enquanto tivermos dezenas de minorias". Precisamos mesmo que as políticas públicas e econômicas atendam toda a nação e não refiro-me a políticas de transferência de renda.

Alguns dados. De 50 mil assassinatos por ano na guerra civil brasileira, a grande maioria são jovens e negros. Anualmente são 50 mil mulheres estupradas, ainda há intensa disparidade salarial. Sobre negros, em certos setores da sociedade a questão se agrava ainda mais, nos quadros da Direita Brasileira, como exemplo, quantos negros você conhece? No PSDB? Quando olhamos para o Congresso Nacional, quantos índios, quantos negros e negras, quantas mulheres?

Por outro lado temos a Bancada da Bala, a Bancada da Bíblia, a Banca Ruralista...

Dito isto, espero que não cite minorizados e minorizadas de forma irônica ou desrespeitosa; Que entenda que lutar por vida e justiça não é vitimismo, ser cuspido dentro de um ônibus coletivo pelo fato de ser negro ou negra não é vitimismo, ser comparado a animais (macacos) não é vitimismo, viver com estereotipia da grande mídia não é vitimismo, saber que a foto solicitada no currículo será fundamental para permanência no desemprego não é vitimismo. Ser agredido com lâmpada fluorescente por sua orientação sexual, não é vitimismo. Será que a criança assassinada pelo pai por gostar de lavar louças e ser ''afeminada'' (sic) também se vitimizava?

Negar o racismo é sinal de imbecilidade. Negar o sofrimento e invisibilidade do próximo é sinal de inumanidade.

Sobre inconstitucionalidade, o STF diz o contrário, inclusive em resposta ao Arena, partido da Ditadura, hoje Democratas, que entraram na justiça exigindo isto. O interessante é que essa direita brasileira, a mesma dos Ruralistas – latifundiários, foi a que desde sempre usufruiu de Cotas para seus filhos e filhas, via Lei do Boi, conhece?

Mas "Mendigos se esforçam e entram na universidade" (sic). Irmãos e irmãs isto é tão raro que transformam-se em matérias da Globo, daí estamos aqui acreditando nisto, mas é o contrário, a população de rua é acometida diariamente, é exterminada, é violentada e é - em maioria - negra.

Sim, todos e todas nós temos as mesmas capacidades intelectuais, porém precisamos entender que somente 100 anos depois a falsa abolição houve a universalização da educação e mesmo assim, é importante olharmos para a realidade de nossas quebradas e responder: Quantas escolas de ensino médio possuímos? Quantos teatros e cinemas públicos? Quantas universidades existem nas periferias? Nos meus 15 anos de vida estudantil em apenas UM DIA fui a um laboratório, NUNCA visitei um planetário, nunca tive um auditório digno para apresentações teatrais. E isto, interfere ou não no momento em que responderei as perguntas num vestibular?

Vejamos as políticas inclusivas desta maneira:

Metrô lotado. Idosos, gestantes, obesos e deficientes têm mais dificuldade de permanecer em pé. (PS. isto também é política afirmativa). Diante disto nós esperamos a solidariedade do povo que insiste em fingir que está dormindo, ou vamos criar leis específicas para garantir o mínimo de dignidade?

Sobre as cotas raciais e sociais é o mesmo. É urgente que aja maior investimento na educação de base, claro, daí garantiria o acesso de negros, negras e pobres num futuro. Porém, as cotas são hoje, uma forma de acabar com o Racismo Institucional, ou seja, precisamos sim, de mais professores e professoras negras, de médicos e médicas negras, de promotores e promotoras negras, de atores e atrizes negras, que não sejam apenas prostitutas, bandidos, escravizados e escravizadas.

Por fim, não são as Cotas que vão nos dividir, não. Quem fez e faz brilhantemente isto é o Capital. É... esse mesmo que põe soda cáustica em leite para lucrar mais.

13 março 2015

Assista ao novo clipe, Teresas



Após dois anos sem lançar nada, Markão Aborígine apresenta seu novo trabalho: TERESAS, Uma música e um clipe muito importantes para o rapper. A letra? Markão compôs ao lado de sua esposa. O vídeo? Produzido apenas por mulheres.

A atriz Meimei Bastos é protagonista neste trabalho, Markão teve a alegria de contar com a linda Josi Araújo fazendo o refrão da canção e pessoas especiais que participaram do documentário.

Sobre a música Markão Aborígine diz: “TERESAS é uma música de nossas histórias, de nossas mães, de nossas irmãs, de nossas mulheres, de empoderamento e força”.

Via Site Polifonia Periférica

08 março 2015

TERESAS, lançamento dia 13 de março



Na próxima sexta feira, 13 de março de 2015, lançarei meu novo trabalho, chamado TERESAS. Com produção musical de Gibe e participação de Josi Araújo, produção audiovisual de Donna Filmes, protagonizado pela atriz Meimei Bastos, faz parte do álbum 'O Canto dos Mártires', mas que já conta com bastante aceitação do público.

O Clipe será lançado nas redes sociais, porém haverá exibição no Programa Bonde, da TV Comunitária, além de exibição nos canais WooHoo, Canal Brasil, dentre outros. A música estará disponível para download nas melhores Rádios do DF e sites de todo o Brasil.

TERESAS é uma música de nossas histórias, de nossas mães, de nossas irmãs, de nossas mulheres, de empoderamento e força.

EVENTO - https://www.facebook.com/events/363349353848780

Programa Bonde 01 - Literatura Periférica



Está no ar o Programa Bonde, realizado pela companheirada do Favela Potente, exibido sempre as sextas feiras a partir das 14hs30 no Canal 12 da NET, junto a TV Cidade Livre.

No primeiro programa discutimos sobre Literatura Periférica e Ocupação de Espaços.

Saiba mais: https://www.facebook.com/programabonde?fref=ts