29 maio 2015

A Panela


(...)
Não discordo que protestem batendo em panelas
Acho até ideal
Ruim mesmo é protestar sufocado com gás
Apanhando de policial

Quem deras
Que a senhora de 70 anos não protestasse
Dormindo em porta de creche
Para conseguir vaga para neta
E apenas batesse em panelas

Quem deras
Que a população de rua não protestasse
Usando papelões e jornais para se aquecer
Pois faltam cobertas
E apenas batessem em panelas

Quem deras
Que a mulher agredida pelo companheiro
Não lutasse por seus direitos
Num matrimônio que encarcera
E apenas batesse em panelas

Quem deras
Que o trabalhador e trabalhadora não protestassem
Fazendo greves e marchas
Pois um governo patrão seus direitos nega
E apenas batessem em panelas

Mas não!
A panela, não é um padrão
Ainda mais
Com arroz e feijão.
(...)

27 maio 2015

1º Sarau do Moinho


O silêncio de uma feira popular de Samambaia é interrompido por um som com graves e mensagens contundentes, outrora, quem o faz é o som da viola de um repente.

Ao caminhar por corredores onde há farinha de toda qualidade, queijos, doces, roupas, brechós, filmes, com um aroma de comida caseira e nordestina, você depara-se com uma banca tímida, que chama atenção com um grafite lindo do poeta cearense Patativa do Assaré.

Por lá você encontra uma mistura de Literatura de Cordel, com Literatura Marginal, é o povo, em suas diversidades, representado, presente e contando sua própria história. Passando por livros de Toni C, Eduardo, Renan Inquérito ou outros produzidos artesanalmente pela Editora Poesia em Coletivo, você encontra obras de Florestan Fernandes, Paulo Freire, Engels e até títulos sobre a teologia da libertação.

O local? Livraria Moinho de Vento! Onde o padrão da beleza em brinquedos infantis é quebrado e você pode adquirir uma linda boneca negra, feita por artesãs locais. Onde você pode vestir-se da luta contra as intolerâncias e sair com umas camiseta escrita 'Machismo Mata', 'Homofobia Mata'; Onde nomes de obras e trabalhos periféricos estampam canecas e mouse pad's.

Um espaço simples, pequeno, modesto, assim como o cordel, simples, pequeno, modesto, mas que alfabetizou toda uma geração.

No próximo dia 06 de junho mais uma página será escrita nesta Literatura, além de uma livraria, Samambaia, periferia do Distrito Federal receberá o poeta e militante negro 'Nelson Maca' lançando seu livro 'Gramática da Ira'.

A prateleira dará lugar as pick-ups do DJ Liso, os corredores serão ocupados por poetas e poetisas, violões e canções, e neste espaço simples, pequeno e modesto, livros serão autografados e dedicados à algumas paixões, por que não? E isto não é revolução, amar?

O poeta Fernando Borges também estará presente com sua obra 'Favela como ninguém viu', a cantora Anne Baylor também lançará seu livro 'Manuscritos em nó maior', tudo isto ao som do freestyleiro Singelo MC.

É isto, simples assim, Moinho de Vento, Markão Aborígine... pois enquanto houver opressão e violência, haverá luta, ocupação e resistência.

SERVIÇO


O que: 1º Sarau Moinho de Vento
Quando: Dia 06 de junho de 2015, a partir das 15hs
Local: Feira Popular da QR 210, Box 86 - Samambaia Norte

Contato: 61 9602 6711 / contatoaborigine@gmail.com