07 outubro 2008

2º Seminário de Cultura em Samambaia


Ocorreu no dia 05/10/2008, das 08h às 18h, o II Seminário Cultural realizado pelo Conselhode Cultura de Samambaia, no colégio Centro de Criatividade Infanto-juvenil – CCI, quadra 401.Participaram 54 agentes culturais: artistas, arte educadores, diretores de entidades, representantes governamentais e o deputado federal Tadeu Filippelli. O evento fez parte da programação do 19º aniversário da cidade.

Na PROGRAMAÇÃO do seminário estava previsto:
- abertura oficial com a presença de autoridades governamentais;
- painéis com debates sobre os temas:
01 - Conselho de Cultura de Samambaia e Fundo de Apoio à Cultura – FAC/DF;
02 - Organizações do terceiro setor e a produção cultural na cidade
03 - Samambaia no circuito artístico local, nacional e internaciona
04 - A arte e a cultura urbana.

- atividades artísticas;
- grupos de trabalho;
- cadastramento dos artistas de Samambaia;
- informações sobre a implantação da Tenda Cultural no Parque Três Meninas;
- manifesto pela implantação do Complexo Cultural de Samambaia.

Aguardava-se a presença do administrador regional José Luiz Naves, que falaria da programação do 19º aniversário de Samambaia, em outubro de 2008, o que não aconteceu. A palestra ‘Conselho de Cultura de Samambaia e Fundo de Apoio à Cultura – FAC/DF’ também não aconteceu, devido à ausência de representante da Secretaria de Cultura/DF. É importante salientar que foi a própria secretaria que promoveu a criação dos conselhos regionais de cultura do Distrito Federal, para contribuir na descentralização dos recursos do FAC. Exceto a ausência desses agentes governamentais, a programação do seminário ocorreu conforme previsto.

Grupos de trabalho

No final do encontro grupos de trabalho apresentaram as seguintes sugestões/demandas:
- Oficializar o Conselho de Cultura Samambaia, com dotação orçamentária;
- Identificar, avaliar e fiscalizar entidades que recebem recursos governamentais para projetos artísticos e culturais na cidade, dando transparência a tais investimentos;
- Realizar eventos artísticos mensais e dar visibilidade à arte e à cultura local (publicar revista, jornal, catálogo...);
- Levar arte e cultura às escolas (aplicar a lei da educação musical, implantar projetos ‘escola aberta’) e espaços como estações do metrô;
- Fomentar bibliotecas nas quadras e paradas de ônibus;
- Cobrar da Administração Regional – RA XII e da Secretaria de Cultura/DF planejamento e orçamento para a arte e a cultura em Samambaia;
- Fortalecer o carnaval da cidade;
- Fomentar a economia solidária por meio do artesanato;
- Promover cursos de capacitação artística;
- Promover intercâmbio com artistas, grupos e movimentos regionais, nacionais e internacionais (exemplo: festival de teatro de São José Rio Preto/SP);
- Intensificar a realização de fóruns, seminários e encontros para debater a arte e a cultura na cidade, bem como contribuir na realização do seminário de hip-hop;
- Envolver empresas locais em parcerias na realização artística e cultural;
- Seguir firme na luta pela implantação da ‘Tenda Cultural’ e do ‘Complexo Cultural de Samambaia’


18 setembro 2008

Natural da Terra



Como Conselheiro incomodo o sistema sem o uso de armas
Aborígine... A ação faz a vanguarda
Com formação não há dominação e retrocesso
Assim microfones disparam rimas protesto.
Diferentes a aquele que o próprio idioma nega
Que enxerga heróis naqueles que promovem a paz com guerras
Persegui o talibã pelos afegãos é pacífico
Mortes causadas por patrocínio

Deles próprios. Estados Unidos da América
Se a Amazônia é o pulmão vocês são...
Bem parecidos com parlamentares, terno e gravata
Que reduzem a alegria do povo em uma cesta básica
Contorcem meu caráter, minha imagem é de bandido
Me negam o lazer, mas mesmo assim não fui eu que assassinei o Galdino
Sei que sou teu alvo. Tua munição não me acerta
Minha mente é revestida de aço, sou Lamarca, sou Marighela

Do ódio e da tristeza, seqüestro o embaixador
Sem usar de torturas transformo em alegria e amor
Dou para os pobres o que com suor tirei dos ricos
Sou cangaceiro, sou nordestino, sou Brilhante, sou Jesuíno
Não comemoro hipocrisia, festejos, vai ver
Sou excluído, sou sem terra, sou Pataxó Matalauê
Mais de cinco milhões de almas representa o jovem aqui
A dor dos xavantes, tapuias, caiapós e tupis

Sou senzala, mas se preferir sou a favela
Sou o escravo no açoite sua seqüela
Sou quem cresceu desconformado com as desigualdades
Sou imortal, sou ágil, sou Zumbi dos Palmares.
Canhões de consciência apontados para o governo
Sou João Candido o almirante negro
Pulmão brasileiro, defendo com unhas e dentes
No jardim de Margarida, vive sempre Chico Mendes.

Ribeirinhos, seringueiros, bóia fria, carvoeiro
Sou a coluna que percorre os estados brasileiros
Sou o R puxado, o S chiado, sou a catira, sou o repente
Sou o forró, sou o bumbá, sou tchê oxente
Sou o arroz tropeiro, baião de dois, sarapatel, o açaí
A buchada de bode, o queijo, feijoada, o pequi
Sou a mistura, sou mestiço, sou um só
Sou a criança, sou o adulto, sou o avô, sou a avó

Sou caatinga, sou sertão, sou o cerrado
Sou pantanal, sou planícies, sou planaltos
Sou São Francisco, Amazonas, Parnaíba
Sou as nascentes, as correntes cristalinas
Sou as grutas, vida selvagem, fauna e flora
Sou o cantador que canta a dor com pandeiros e violas
Infelizmente não sinto fome somente no natal
Mas felizmente torno-me primeiro mundo no carnaval

Sou instruído, destemido, revoltado, sou a chama
Sou mais um louco desta terra, sou Pindorama.


4º Festival de Música Popular de Samambaia apresenta vencedores


A disputa pelas melhores colocações no 4º Festival de Música Popular de Samambaia, realizado pelo Ponto de Cultura Rádio Popular FM 98.1 e Instituto de Arte Cia. e Cidadania - IACC, começou na noite de 05/09/08, quando as bandas fizeram audição pros jurados e comunidade, no quadradão cultural da quadra 310. Ali iniciou a seleção das 92 músicas inscritas, das quais 52 foram escolhidas pro festival, dias 12, 13 e 14/09/08, na QS
302, Centro Urbano de Samambaia.

Finalmente, na noite de domingo (14/09/08) a grande revelação:
1º Colocado: Sintonia do Forró, com a música ‘Louco Por Você’;
2º Colocado: Lino Morais e banda, com a música ‘Pra Um Mesmo Lugar’;
3º Colocado: Diego Azevedo com a música 'Vacilei';
Melhor Músico: Sintonia do Forró;
Melhor Arranjo: banda Adrenalina;
Melhor Letra: Markão, Aborígine;
Originalidade: Aborígine;
Revelação: banda Forrozão Temporal.

De autoria própria, cada grupo concorreu com apenas uma música aos seguintes prêmios: 1º lugar, R$ 2.000,00; 2º lugar, R$ 1.000,00; 3º lugar. R$ 500,00. A competição foi acirrada, não apenas pelos prêmios, mas cada qual querendo superar a si próprio, vencer as adversidades e mostrar o melhor para o público que compareceu em grande número e com muita vontade de participar.

Diversidade

O Festival de Música Popular de Samambaia evidencia a diversidade cultural do Distrito Federal e Entorno. Surpreende pela quantidade, qualidade e criatividade de centenas de grupos que se formam espontaneamente para exercer a música, pela qual expressam sonhos, desejos, angústias...

O grupo Sintonia do Forró foi criado em 2002 e faz shows nas festas de aniversário das cidades do Distrito Federal. Está gravando seu primeiro CD com composições próprias e de outros grupos. Ganhou o festival com a música ‘Louco Por Você’, forró romântico, dançante.

Lino Moraes era da banda Nova Voltagem, mas agora toca sozinho nos bares de Brasília. De sua autoria, a música ‘Sementes de Amor’ (pop/reage) convenceu os jurados a lhe darem o segundo lugar. Atribui a vitória ao fato de não haver desistido do seu sonho de ser músico.

Markão, expoente do hip hop, desenvolve o projeto Aborígine (Natural da terra). As letras

têm a criatividade e conteúdo político do rap, mas a música (com violões) é mais leve e envolvente. O poema ‘Azul de Uma Caneta’ fala à comunidade sobre o desemprego e os preconceitos no mercado de trabalho.

Dentre os 52 concorrentes estavam também: Adrenalina, pop rock, melhor arranjo; Triturados Pelo Coração, rock/jovem guarda, vencedor do terceiro festival; Versos e Rimas, hip hop/black music; Marisele Dias, MPB; Guerreiros da Fé, pop/gospel; Em Pane, hard core/punk/rock; Os Menos Punks do Mundo, punk/rock irreverente; Scrover, blues/funk; DF 130 – 2, pop/rock, emocionou o público com a música BSB.

Também diversos, os convidados especiais foram: Detrito Federal, punk/hard core; Dinho e

Diego, sertanejo; Dignidade Humana, rap; Banda Madeirada, axé. Os patrocinadores e parceiros foram: Ministério da Cultura; GDF (Administração Regional de Samambaia); Toke Arte, informática e papelaria; Ativa 98.1, rádio comunitária; Home Center Castelo Forte, tudo para sua casa.

Repórter: Élton Skartazini


04 agosto 2008

4ª Frota

No dia 12 de julho os EUA decidiram reativar sua IV Frota Naval – a que vigia os mares do Sul -, atuante entre 1943 e 1950, em decorrência da Segunda Guerra, e desde então desativada. Compõem a frota 22 navios: quatro cruzadores com mísseis; quatro destróieres com mísseis; 13 fragatas com mísseis; e um navio-hospital.

Segundo as autoridades usamericanas, o objetivo é "realizar ações humanitárias". Então, para que tantos mísseis? E, nesse intuito, por que não começar por permitir que Porto Rico recupere a sua soberania, suspender o bloqueio a Cuba, devolver a base naval de Guantánamo (retirando os prisioneiros de lá e do limbo jurídico a que estão condenados) e reduzir os subsídios agrícolas que estrangulam o livre comércio?

Segundo o almirante Gary Roughead, chefe das operações navais, a IV Frota visa a combater o tráfico de drogas, de armas e de pessoas, bem como a pirataria que ameaça o fluxo do livre comércio nos mares do Caribe e da América do Sul.

Não seria mais sensato começar por combater o tráfico de drogas e armas dentro dos EUA que, segundo relatório da ONU divulgado em junho, figuram entre os maiores consumidores desses dois produtos letais?

É a velha história do lobo mal pretendendo enganar o chapeuzinho vermelho. Quem acredita que nariz tão grande é apenas para cheirar a netinha? Não é muita "coincidência" a IV Frota ser reativada no momento em que Cuba aprimora sua opção socialista, Daniel Ortega volta a presidir a Nicarágua, o Brasil descobre reservas petrolíferas sob a camada pré-sal, e a América do Sul se vê governada por pessoas como Chávez, Lula, Correa, Kirchner, Morales e, em breve, Lugo, que não morrem de amores pelo Tio Sam e se empenham em reduzir a dependência de seus países em relação aos EUA?

O comandante da IV Frota é o contra-almirante Joseph Kernan, de 53 anos. Não fez carreira na Marinha convencional, e sim na força de elite (SEAL) destinada a operações especiais de combates não-convencionais e repressão ao terrorismo. Muito humanitário...

Os EUA sentem-se incomodados com a atual conjuntura latino-americana. Em especial, com o fato de o presidente Lula empenhar-se na criação da UNASUL (União das Nações Sul-Americanas) e do Conselho Sul-Americano de Defesa (agora apoiado até pela Colômbia), dois organismos que, como o Mercosul e a Alba, excluem a participação dos EUA e tornam inócuos o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca e a Junta Interamericana de Defesa, que sempre estiveram sob controle da Casa Branca.

A exemplo da União Européia, a UNASUL integrará o Mercosul e a Comunidade Andina de Nações, incluindo a Guiana e o Suriname. A integração completa desses dois blocos foi formalizada em Brasília em maio deste ano, durante reunião dos presidentes sul-americanos. A UNASUL ficará sediada em Quito; seu Banco do Sul, em Caracas; e o parlamento em Cochabamba, na Bolívia.

Ainda por trás da fantasia de vovozinha, Tio Sam quer impedir que a China tome conta dos mares do Sul. Hoje, 90% do comércio mundial dependem de navios, e Pequim se empenha em ampliar e proteger suas rotas, incluindo as que conduzem ao nosso Continente.

O governo brasileiro já manifestou sua desconfiança à Casa Branca. As recentes descobertas de petróleo nas costas brasileiras, no momento em que o barril passa dos US$ 140, com certeza suscitam a cobiça dos EUA, cujos fornecedores, como a Venezuela, não são confiáveis.

Com tantas embarcações de alta tecnologia e poder de fogo em nossos mares, os usamericanos poderão pesquisar a plataforma submarina e controlar a navegação de nossos países rumo à África e à Ásia.

Ensina a zoologia que todo animal acuado se defende com ferocidade. É o caso de Tio Sam, cuja moeda perde poder de compra, a economia mergulha numa crise de longo prazo, o atoleiro no Iraque não mostra nenhuma luz no fim do túnel, e os brancos republicanos se vêem na iminência de transferir o poder para um negro democrata.

Frei Betto é escritor, autor de "A arte de semear estrelas" (Rocco), entre outros livros.

26 julho 2008

Profissão perigo


Perigo - Do latin periculu - Situação, conjuntura, que ameaça a existência ou os interesses de uma pessoa ou coisa, risco.
Cultura - Do latin cultura - Efeito de cultivar, desenvolvimento intelectual, saber, utilização de bens naturais.
Aborígine - Do latin aborigine - Oriundo do país em que vive, natural da terra, indígena.

Ao pensar em perigo lembramos muitas vezes de perseguição, neste texto gostaria de abordar o ato de perseguir sonhos, porém tais sonhos valorizam os bens naturais da terra em uma conjuntura de valorização do exterior capitalista e opressor, ameaçando assim a existência e fomentando a desistência.

Sou pai, esposo, filho, cantor... Perigo é militar em uma música sem garantia do alimento em cima da mesa, ou mesmo presença.
Sou pai, esposo, filho, cantor... Perigo é sujeitar-se a subempregos, escondendo talentos e se entregando a desistência.

E há dois dias desisti. Do meu CD desisti. Tamanha são as dificuldades, pouco é o tempo, mas a força do espírito e talento permancecem em atividade. Chorei, perdi o fôlego, ainda sofro, ao saber que minha dor foi sorriso para os lábios de outros.
Sempre deve haver a perseguição, com cansaço, com lágrimas, com frustração, mas sempre tem que haver, mesmo que objetivo corra mais rápido, por mais que os pedágios do caminho se encareçam, tem que existir, pois assim o objetivo ao contrário de você vai se cansar e ser alcansado.
Entendo e vivo isto hoje... Estou de volta.

http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/aborigine/

21 julho 2008

Fragmentos de uma história

A minha esposa Rose Elaine

Que saiba, o mundo, que poesias não são escritas
Que estrelas já não brilham nem tampuco inspiração
Para o poeta sonhador
que peleja nas estradas dor
Encontrar-te por ideal e missão

Nas idas e vindas de rodas sortidas desta grande ciranda
Por beijos inocentes que carregam tamanha vergonha e timidez
num olhar duvidoso
a partir de um abraço caloroso
A criação da eternidade se fez

Escondido numa hierarquia, mas que vive em expansão
Carícias perigosas, numa caixa de chocolates e rosas, conversas num coletivo
identificam uma pessoa
palavras de uma mesma boca
As mesmas de um beijo lindo.

Que invadem o ventre desta terra tão delicada
Onde se constroem riquezas raras, sentimento único e suor
rotações e tranlações
completam o círculo de construções
Junto a ti... meu amor.


15 julho 2008

Entrevista dada a alunos do Curso de comunicação do Circuito Jovem


Entrevistamos o professor Marcus Aurélio, conhecido como Markão. Ele já trabalhou com rádio, mas sempre exerceu o Hip Hop na figura de dois elementos MC e Grafite, arte a qual se dedica como educador na instituição.

CJ: É sabido que você já trabalhou com rádio. Como foi sua experiência?
Markão: Bem, iniciei esta caminhada apresentado um programa de Rap na cidade de Baraúna, interior da Paraíba, o programa se chamava R.A.PB, na freqüência da Rural FM. Uma rádio que dividia espaço com um armazém de uma bodega (mercado). Vindo para Brasília comandei por 2 anos o programa Militância Hip Hop na Água Viva FM, rádio de Samambaia. Nele se ouvia somente Rap nacional, protesto e mobilização social.

CJ: Para você, rádio e grafite podem trabalhar juntas? Como?
Markão: Sim, ambas tratam de comunicação e expressão. O trabalho que fazia com a rádio hoje faço através da escrita urbana. É de suma importância que não só o grafite, mas o Hip Hop em geral estreite os laços com as rádios, em principal as comunitários e livres, e também espaço nas rádios Web.

CJ: Por que essa troca de deixar a rádio e trabalhar com grafite?
Markão: Na verdade nunca troquei. Deixei a locução devido ao fechamento da rádio por parte da polícia. Na época estávamos em processo de legalização, mas o importante era o trabalho social e espiritual que era feita pela mesma. E é isso que provoca tais fechamentos. A queda da audiência das grandes rádios, a valorização dos artistas locais, auto estima da comunidade.

CJ: Hoje grafite pode ser visto como fonte de renda?
Markão: É fonte de renda. Através do trabalho que faço com o Hip Hop e em especial o grafite sustento minha família. Essa arte está ganhando mais espaço no mercado de trabalho através da customização de roupas, produção de faixas e painéis, publicidade do lojas e até mesmo o artesanato. Grafite, a partir da organização é geração de renda.

CJ: O que é pichação? Obedecem regras? Qual a diferença com o grafite?
Markão: Em primeiro pixação é arte, é uma letra desenhada. Por que a caligrafia é considerada arte e pixação não? A maioria dos pixadores são líderes em potencial, sendo que esta liderança não foi trabalhada em nenhum nível de formação acadêmica, assim utilizam as armas que a própria sociedade dá para serem vistos e mostrarem liderança. Os grupos são organizados, têm reuniões, trocam informações... Seguem regras. São frutos da sociedade que diz que devemos está em primeiro lugar, passando por cima de tudo e todos. Ela é vandalismo, mas tal ato vândalo é conseqüência de um crime maior, a omissão.Relacionando com o grafite, são filhos de uma mesma mãe que percorrem por caminhos diferentes. O grafite é mais trabalhado e não visa somente statuss ou fama, o grafite é um veículo poderoso no combate a pixação e sobretudo na formação política e humana de pixadores. Sendo qual for tem que haver respeito.

"Garra e determinação, com certeza, é o principal caminho para alcançar metas"

Entrevista com o Rapper e militante do HIP HOP Markão


No mês de junho aconteceu na cidade de Samambaia, periferia do Distrito Federal, o 3º Hip Hop Cidadã. O evento tinha a intenção de congregar coletivos de hip hop, formar lideranças e traçar metas e ações para o próximo semestre de 2008. O mentor do encontro é um educador e militante do hip hop, Markão, do coletivo Hip Hop ArtSam. É com ele que trocamos uma idéia agora:

Pavão: Olá Markão, você poderia nos dizer qual a sua naturalidade, como você atua e há quanto tempo está envolvido com o hip hop?
Markão: Em primeiro lugar muito axé e luz a todos leitores. Bem sou natural de Brasília, mas paraibano por sangue e amor. Já faz aproximadamente 11 anos desde minha primeira composição em trabalho de escola. Daí venho me empenhando e há 6 anos militando socialmente dentro da cultura e entidades em geral.

Pavão: O que você entende como mais importante no movimento?
Markão: O Coletivo. A união de áreas que há muito são tratadas de forma distintas. Artes plásticas, música e dança trabalhando em comunhão para um objetivo fraternidade. Isso é importante a razão a qual existe e motivo pelo qual vive - o próximo, a comunidade, a periferia.

Pavão: Sob que perspectiva de atuação você entende estarmos mais carentes atualmente no hip hop do DF e no Brasil?
Markão:Acredito que falta verdade no que fazemos. Aceitamos uma domesticação do Hip Hop. Roupas, conteúdos. Infelizmente o Hip Hop foi alvo das armas deste mesmo sistema que prega individualismo e consumismo. E isto foi incorporado ao Hip Hop - por alguns que são muitos, diga-se de passagem.Mas em geral, isto se deu por falta, mas principalmente por omissão de lideranças que há algum tempo mudaram ou não praticam seus discursos.

Pavão: Como poderíamos melhorar nossas fraquezas e contradições enquanto movimento?Markão: A partir de um trabalho em comunhão e maior organicidade. E entendermos realmente o que é um movimento. Hoje agimos enquanto movimentos? Um exemplo simples é o choque de datas de eventos que acontece hoje no DF, em um mesmo fim de semana duas Batalhas de Breaking. Temos que nos articular, entender a realidade, o estado, a sociedade, estudar e conhecer nossa comunidade.

Pavão: O que é o Hip Hop Cidadã e há quanto tempo ele acontece? Qual foi o balanço geral do encontro?
Markão: O Hip Hop Educação Cidadã é um encontro de formação de militantes, adeptos e praticantes do Hip Hop. Vem sendo realizados a 3 anos em parceria com a Rede de Educação Cidadã (Rede nacional de movimentos e entidades nacionais) tendo como proposta a criação de uma Rede Distrital de Hip Hop e trabalho de base com os grupos. A idéia é descentralizar o debate, o mesmo que há muito vinha sendo realizado no Plano Piloto. Partimos então para a periferia. Ceilândia, Santa Maria e este ano em Samambaia. O balanço foi positivo, conseguimos agregar mais grupos e cidades a construção o que possibilitou muito trabalho. Um encaminhamento muito significativo foi a necessidade de levar o debate aos grupos, sendo assim no segundo bimestre vamos iniciar um diagnóstico e uma série de reuniões nas quebradas.

Pavão: Como o hip hop pode pular de apenas entretenimento para educar e conscientizar de fato?
Markão: Na verdade é necessário a existência dos dois, mas saco vazio não para em pé e nem pula e grita How. Acredito que o Hip Hop conhecer Paulo Freire e a educação popular é um grande avanço, pois hoje cantamos Rap pelo simples fato de sonhar. É positivo e plausível, mas e o sonho de cantar para transformar a realidade? E o sonho de cantar para construirmos um novo mundo possível?Compas... Precisamos conhecer a essência do Hip Hop e conhecer o contexto dos locais de onde surgiram os 4 elementos. Resgatar e tornar público a essência.

Pavão: Comente os benefícios de trabalhar uma rede no hip hop.
Markão: Um exemplo simples... Rede social de grifes urbanas (proposta em construção), algumas marcas de roupa que desenvolvem produtos para a Cultura Hip Hop se unem, assim compram tecido mais barato, serigrafia mais barata e costura mais barata, logo são repassados mais baratos, sem explorar @s costureir@s a exemplos de grandes marcas. O Hip Hop é do e para o povo pobre, como comprar um conjunto a 400 R$.Ao se tratar de uma Rede vamos desde uma agenda coletiva de eventos e ações e consecutivamente o fortalecimento dos mesmos, a um trabalho de base mais elaborado e por fim a vitória.

Pavão: Quais os seus próximos projetos e ações?
Markão: Articular junto ao Hip Hop do DF algumas ações coletivas como: Participação efetiva dos conselhos de cultura, fiscalização de parlamentares em relação as políticas para juventude, audiência pública na câmara lesgislativa para reivindicarmos e dialogarmos com os deputados... E uma atenção especial a minha cidade Samambaia, e aos projetos do Coletivo HIP HOP ArtSam. E gravar meu CD... kkk...

Pavão: Deixe uma palavra final pra geral do DF e do Brasil.
Markão: Encerro com a poesia de um poeta cearense chamado Zé Vicente

"Sonho que se sonha só
Pode ser pula ilusão
Mas sonho que se sonha junto
É sinal de construção"

Vamos juntos sonhar e construir em mutirão.De cá Markão Natural da terra, Aborígine.
Grande abraço a todas e todos.Contato: aboriginerap@gmail.com e 96026711

*Entrevista dada ao Coletivo Aquilombando.
*Fonte: http://hiphopforadoeixomt.blogspot.com/2008/07/coletivo-aquilombando-entrevista-o.html

Transporte, Cidadania e Hip Hop


O SEST/SENAT realiza, de 20 a 27 de julho, em suas unidades em todo o Brasil, o evento Transporte e Cidadania, com atividades de esporte, lazer, cultura, recreação, educação para a saúde, ações cívicas e de atendimento ao cidadão.

O Hip Hop marca presença neste fraterno evento na unidade do Sest Senat de Samambaia DF, contando com apresentações dos grupos do Coletivo Hip Hop ArtSam, sendo que os mesmos irão promover no dia uma Intervenção de grafite, apresentações de Rap e Breaking, além de mini oficinas e palestras sobre a cultura, com estande garantido para visitação dos participantes.

Fica a todos militantes da cultura, em principal da cidade, o convite para realização do 2° Encontro de Hip Hop de Samambaia que irá acontecer no mesmo espaço e dia. Maiores informações Markão 9602 6711

Hip Hop Educação Cidadã


Aconteceu no último dia 15 de junho a 3ª edição do Encontro de formação Hip Hop Educação Cidadã, agregando militantes e adeptos do Hip Hop das cidades de Samambaia, Santa Maria, Planaltina, Gama, Vale do Amanhecer, Águas Lindas, Ceilândia, Plano Piloto, Taguatinga e Goiânia.
Nesta terceira edição de um encontro que tem a proposta de articular e promover o debate sobre a criação de uma Rede Distrital de Hip Hop, além de descentralizar o debate, ou seja, levá-lo a periferia, foi realizado um debate sobre o contexto de desafios da cultura no Distrito Federal e entorno, tendo como assessor o MC Pavão do Coletivo Aquilombando. A tarde animados pelo documentário Aquilombando foi feito estudo e reflexão sobre o contexto social dos locais de origem dos 4 elementos.
A partir das explanações os grupos apresentam propostas de ações coletivas enquanto conjunto como Fóruns de discussão, criação de meios de divulgação de trabalhos que mantenham a raiz ou essência da cultura, livrando-se assim de meios comerciais ou “jabalísticos”, agenda coletiva do movimento e trabalho de base por meio de diagnóstico dos trabalhos realizados por entidades ligadas a cultura e debates sobre a Rede Distrital de Hip Hop nas cidades.
Participaram do encontro os grupos e organizações: Coletivo Hip Hop ArtSam, Família Hip Hop, Aquilombando, ONG Grupo Atitude, Grupo Astral, Missionários, Combatentes e MC’s de Classe, Aborígine, TecknyKings, Original style, PANE Crew, Afros Hip Hop, Ninho dos artistas, PJL, A primeira voz, Impacto periférico, dentre outros.

05 fevereiro 2008

Nossa Cultura


O Hip Hop é a cultura urbana de maior responsabilidade com o gueto, pois é fruto e filho do gueto. Responsável pelo resgate de milhares de jovens da criminalidade e do submundo das drogas. Isso se deve a 4 elementos e 3 pilares que compõem o Hip Hop: MC e DJ (música), Dança de rua (dança) e Grafite (arte plástica).
Cada elemento em sua individualidade possui uma ação concreta e expressiva em sua própria história ou técnica. Esta cultura fomenta ações de solidariedade e cidadania, além de criar um espírito sócio-político questionador da atual conjuntura nos adeptos e praticantes.
A palavra Hip Hop deriva dos verbos ingleses To hip e To hop (saltar e mexer os quadris), assim foi intitulado em 12 de outubro de 1973 por Afrika Bambataa, representando as festas e encontros de cultura negra.
Para conhecermos melhor esta cultura tão completa e complexa temos que entender a fundo a história de cada elemento.

Grafite
– Acredita-se que este foi o primeiro elemento a ser criado. A muito tempo, antes mesmo de dominarmos a escrita, desenhávamos em paredes de cavernas e rochas a forma como caçávamos e vivíamos, pois bem, isto não é grafite? A própria palavra deriva do Latim grafito que significa escrita em rocha com carvão.
Muitos ainda acreditam que não só o grafite como todo o Hip Hop provém dos Estados Unidos da América, mas o grafite da forma como conhecemos trabalhado em Spray, já em 1958 era produzido no México.
A arte plástica do Hip Hop conta com 4 estilos de letra que são: Trow-up, Freestyle(estilo livre), Wild style(estilo selvagem) e 3D(três dimensões), todas provenientes da assinatura(TAG).
Hoje o grafite é a arte que da vida a muros sujos e feios das grandes cidades, e é o principal veículo de resgate de jovens envolvidos no mundo da pixação.

Imagine um estilo de dança que engloba capoeira angolana, ginástica olímpica, balé, artes marciais, funk e boxe. Após esta complexa soma temos o produto final: Street dance (Breaking, locking e popping). E assim novamente quebramos o conceito que diz que o Break é uma dança estadunidense, ressalvando que este país teve grande influência na criação deste estilo.
Em 1929 passamos por uma grande crise, onde bares e boates foram fechados, obrigando seus Tap dancers (dançarinos) a procurarem outra forma de ganharem dinheiro, assim passaram a dançar na rua em troca de moedas e aplausos. Daí vem o nome street dance (dança de rua). Desde então até os dias atuais esta dança vem sendo construída, englobando estilos de dança e esporte.
Temos o break como veículo de suma importância no combate à violência. Na década de 70, durante o seu auge, ao invés de armas gangues rivais decidiam seus conflitos através da dança e isto ocorre até hoje.
O protesto está dentro desta dança. Uma das principais e mais conhecidas manobras desta dança o moinho de vento, foi criado em protesto a guerra do Vietnã, as pernas lançadas ao ar em giros representam as hélices de helicópteros que levavam muitos jovens dançarinos a morte.

DJ – São os disc jóqueis. Responsáveis pela produção de batidas, efeitos e mixagens do Rap. São verdadeiros arqueólogos da música, pois unem batidas de Rap a ritmos pouco populares entre a juventude como catira e repente.
E esta mistura provoca a curiosidade em quem escuta, fazendo com que o ouvinte passe a respeitar a música regional. E mais uma vez vemos a importância social do Hip Hop.
Informações:
- Década de cinqüenta - Dj Big Youth – Jamaica.
- Primeiro grupo de Rap - Dj Kool Herc and Herculóides.
- Dj Grand Master Flash – Criou o Scratch.
- 1973 – DJ Afrikaa Bambataa une os elementos e os batiza - Hip Hop.

MC – São os mestres de cerimônia. Surgiram na década de 60 nos famosos Sound systens jamaicanos. Durante as festas nos guetos, toasters, como eram chamados, subiam no palco e faziam cantos falados para animarem o público, anunciando que alguma “celebridade” chegou ao local, e também levantando na multidão palavras de ordem contra a fome e as condições subumanas que os negros vivem. Foi aí que o Rap nasceu.
A palavra Rap vem do inglês rithym and poetry (ritmo e poesia). Foi levado aos Estados Unidos pelo Dj Kool Herc, onde encontrou a luta por direitos humanos e civis encabeçado por Malcom X e Marthin Luther King, e daí vem seu discurso político.
Essa é a música que narra à vida sofrida dos habitantes da periferia, pessoas que vivem em palafitas, barracos, debaixo de viadutos, pessoas que sofrem com a cruel discriminação por cor, credo e etnia. Essa é música que narra à violência policial, a desigualdade social e a corrupção.
O Rap educa. Hoje ele é um dos principais veículos de resgate da cultura e da música brasileira, seja em suas letras que trazem personagens marcantes da luta popular, excluídos dos livros oficiais de história, ou em suas batidas, que trazem um ritmo regional.
O seu discurso é pela elevação da fraternidade humana, esta é sua essência. Todos os versos que em seu produto final não procuram isto, estão equivocados. O consumo de drogas ou a apologia não permite que a pessoa tenha uma vida plena e saudável, logo não tem a essência.
A influência norte americana é imensa, tem mais visibilidade, mas retrata a minoria. Infelizmente o que chega ao conhecimento do grande público é esta minoria repleta de puro vazio craniano.

HIP HOP: RESGATE, FORMAÇÃO E AÇÃO.

20 janeiro 2008

Jesuíno Brilhante

Dou para os pobres, o que com suor tirei dos ricos. Sou cangaceiro, sou nordestino, sou Brilhante, sou Jesuíno”. Aborígine

Caros leitores, é com muito orgulho que venho através deste texto contido no Zine Informe Militante apresentar-lhes um grande lutador popular, que como de costume é excluído das páginas do livros escolares. Assim como tantos outros, pois não é de interesse da elite – quem comanda a “educação”- que saibamos nossa história, nossa raiz.
Acredito que é a partir disto que temos uma população tão submissa. Enquanto não nos vermos em nossa história, enquanto não identificarmos referências humanas de luta e reivindicação permaneceremos imóveis perante a tanta atrocidade.
Devido a este motivo estarei postando textos narrando a história de revolucionários e revolucionárias intitulada Lutadores populares. E como este verso já disse estaremos conhecendo a vida, história e ação de Jesuíno Brilhante, o verdadeiro Robin Hood.

Jesuíno Brilhante


Jesuíno Alves de Melo Calado, depois chamado Jesuíno Brilhante, foi um cangaceiro gentil, romântico, verdadeiro Robin Hood, muito querido pela população pobre, defensor dos fracos, dos anciões, das mulheres humilhadas e das crianças agredidas.
Nasceu em Tuiuiú no estado do Rio Grande do Norte, em 1844 e morreu lutando em Santo Antônio, Águas do Riacho dos Porcos, Brejo da Cruz, Paraíba, em fins de 1879.
Uma briga entre sua família com a família dos Limões, em Patu, valentões protegidos pelos políticos, tornou-o de um simples agricultor em chefe de bando invencível em 1871.
Esta briga iniciou-se devido ao furto de uma cabra que servia de sustento para as famílias na época. Nascia ai um homem repleto de valores morais integrando um cangaço justiceiro.
Ia sempre disfarçado às cidades maiores, hospedando-se em residências amigas, adquirindo munição e víveres. Durante a “Seca dos dois sete” (1877) furtava alimentos dos comboios oficiais para distribuir aos pobres atingidos pela seca.
Nordestino valente, ambidestro, pontaria infalível. Multiplicou tais qualidades ao tirar bens de grandes coronéis opressores e dividir entre os oprimidos
Nunca exigiu dinheiro ou matou para roubar. Sua popularidade prestigiosa perdura na memória do sertão do Oeste norte-rio-grandense e fronteira paraibana com admiração e louvor inalteráveis.
E hoje temos que ter este espírito de solidariedade e luta em favor do próximo, presentes em nossa caminhada. As armas o próprio Jesuíno mostrou: Gentileza, atenção. Possamos assim enfrentar nossos inimigos com as armas que eles não esperam. Façamos a revolução silenciosa em nossos lares e nossas comunidades. Sejamos brilhantes... Lutadores e transformadores brilhantes...

14 janeiro 2008

História e Militância




Trabalho artístico e social realizado pelo jovem Marcus Dantas, vulgo Markão Natural da Terra. Educador popular que utiliza a música Rap como instrumento de trabalho em oficinas de formação humana e social em escolas, igrejas e organizações em geral.

Dentre as oficinas e seminários, já foram realizadas ações e apresentações musicais nas faculdades Dulcina de Moraes, Projeção, JK e UNB, em aproximadamente 40 escolas por todo o Distrito Federal e entorno, Pastoral da juventude e grupos de jovens paroquiais.

Artisticamente já se apresentou em diversos e distintos espaços, pois une a musicalidade a uma militância, assim apresentou-se na Feira de economia solidária de 2006, Grito dos excluídos em 2004 e 2005, 1º, 2º e 3º festival de arte e cultura de Samambaia, 4º festival de música popular de Samambaia, onde recebe prêmio de originalidade e melhor letra com a música “O azul de uma caneta”, Coral Ação criança na Sala Villa Lobos em 2007, Encontro de formação Hip Hop Educação Cidadã nas 3 edições, 1º Fórum de juventude do Distrito Federal, Caminhada Mariana, Sarau Movimento Educacionista, Sarau Complexo, Câmara Perto de você – Programa da Câmara legislativa, Festival Rap Popular Brasileiro, onde garante a 2ª colocação dentre 38 grupos inscritos.

Já cantou ao lado de artistas internacionais como as argentinas Actitude Maria Martha no Fórum social mundial realizado em Belém, e posteriormente em Brasília no CCBB, e os espanhóis Violadores del verso em 2008, e se apresentou em vários estados como São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, onde foi apresentador de um programa de Rap e Belém do Pará.

O rapper atua como educador popular na Associação Viver, da Cidade Estrutural, Rede de educação cidadã, Centro de formação em economia solidária, além de ser articulador do Coletivo ArtSam e Rede DF – Entorno de Hip Hop.

Enfim, Marcus prepara-se para o lançamento de seu primeiro CD intitulado “Dia e noite. Dia açoite. Noite fria”, além de CD virtual com poesias intitulado a “Vida em canção”.

13 janeiro 2008

Dados sobre desigualdade



Um calçado onde o cadarço equivale ao meu salário/Enquanto isso o homem morre a cada três segundos por não ser alimentado.
Aborígine

Inspirados neste verso do grupo de Rap Aborígine iniciamos o debate nesta quarta edição do informe militante. O porquê de conhecermos dados sobre desigualdade? Para darmos conta que fazemos parte destes números em quaisquer esferas, oprimidos ou opressores.

É de suma importância que entendamos que a transformação parte de cada um. Precisamos nos conhecer para conhecer o outro. Precisamos mudar para mudar o outro. Isto em construção coletiva, respeitando as especificidades, características e saberes.

Nosso intuito nesta edição é transmitir sentimentos inquietantes, para que estejamos determinados na luta. Você leitor e você leitora não deve ser coadjuvante de sua história, não podemos permitir que uma minoria escreva uma história mentirosa. Estas histórias que lemos nos livros que recebemos ou compramos durante nossa formação acadêmica.

Saiba que fomos educados a não enxergar. O mundo nos diz que devemos ser individualistas, racionalistas, mecânicos. O problema do outro só é meu a partir do ponto que sou prejudicado. Não preciso ajudar. Não preciso comunicar.

Isto se é notado nas festas de aniversário infantis que são última moda. As crianças não se sujam, não se integram. Cantam os parabéns através das teclas em aniversários feitos em “Lan houses”, ou são forçadas a uma “adultez”; Crianças e suas vaidades, salão de beleza, celular.

Entendendo uma pequena parte deste mundo vejamos o que ele provoca:

- A cada três segundos uma pessoa morre no mundo devido a miséria;
- Apenas 20% da população mundial consomem 86% dos bens disponíveis;
- O gasto per capita de um suíço com saúde é 151 vezes maior que um habitante do Níger;
- A cada dez segundos uma pessoa morre de Aids;
- Os gastos militares anuais chegam a U$$ 1 trilhão. O combate a Aids U$$10 bilhões;

Lembramos que estes 20% da população mundial consomem a metade de toda carne e peixe, 58% de toda energia, utilizam 84% do papel produzido e são donos de 90% por cento da frota mundial de carros, enquanto os pobres têm menos de 1%. Hoje neste mundo temos mais de 170 guerras.

Vejamos o Brasil, um pais continental que é primeiro mundo durante o carnaval.

- A renda per capita do Lago sul é de 73 salários mínimos;
- Os quatro mais ricos, somando suas riquezas possuem o PIB de dois anos atrás;
- O Brasil com seus 180 milhões de habitantes está no quinto lugar no ranking de país mais desigual, os quatro primeiros somam apenas 15 milhões de pessoas;
- As elites brasileiras possuem uma renda familiar anual de 450 mil dólares, os outros 99% da população brasileira possuem uma renda familiar de 16 mil dólares.

Estes dados revelam o porquê de a cada 1000 crianças nascidas no Brasil 26 morrem: Brasil – Um País Com Miséria.

Somos um país de indigentes. Este mundo escraviza nossas crianças em carvoarias, em semáforos e em lixões. Impõe a discriminação racial onde 63% dos pobres são negros. Produz a indústria da seca e a migração para grandes centros.

Constróis cidades dormitórios, famílias desestruturadas, palafitas, residências em viadutos.

A felicidade é o destino de todos, mas infelizmente a realidade impõe obstáculos. Podemos derrotá-los através de mobilizações e de transformações silenciosas, não somente lutas ou o voto, mas a partir de um amor verdadeiro ao próximo.

Possibilitando-o está junto de sua família em um domingo ou feriado, boicotando o comércio nestes dias. Sonhando, denunciando e partilhando. Procure entidades sociais, procure mudar suas atitudes dentro de casa, escola, trabalho, dê importância à vida em sua plenitude e lute para que a dignidade reine em coletividade.

Você é protagonista.

Fonte: Zine Informe Militante
Autor: Markão Aborígine

MENSAGEM AO HIP HOP
Cantar por cantar? Dançar por dançar? Fazer por fazer? É assim que ultimamente estão fazendo, dentro disto faço nova pergunta: Cantar pra quem? Dançar pra quem? Fazer pra quem? Vamos continuar evoluindo a rimática e regredindo o conteúdo? Enquanto ficamos ostentando carros muitas vezes que não possuímos, tendo como objetivo o lucro, nada teremos, e em ponto nenhum chegaremos.
Sabe pra quem você tem que dançar ou cantar? Para os mais de 100 mil jovens desempregados no DF. Para as famílias que choram a cada 10 minutos, pois são alvo de armas de fogo. Para as 8.000 pessoas que morrem diariamente devido a doenças associadas ao uso do cigarro. Para aqueles que vomitam seus próprios rins. Para as crianças pais e mães de crianças. Para o jovem que como você queria cantar grafitar, discotecar ou dançar, mas não pode, a droga não deixa; Ou talvez quem poderia ensina-lo está muito ocupado treinando autógrafos e na sua praia de idiotice pessoal
(se é que me entende).
Vê? O hip hop é muito mais que esse mundinho de calças largas e parafernálias carnavalescas. O hip hop é mudança, é transformação social. Tem que haver objetivo em cada moinho de vento e em cada bombardeio de tinta. Temos que somar a energia que temos a uma causa, e jamais se deixar levar pelos PRODUTO$ DO$ OPRE$$ORE$. Direcione seu talento a esta causa: ao fim da miséria, a elevação da fraternidade humana.
Ou vai ser mais um a arruinar e destruir o sonho que muitas pessoas ajudaram a erguer com a própria vida?

O Brasil que desce redondo

Não é de hoje que vemos celebridades brindando e sorrindo a nossas custas. Quantos artistas sobem ao palco e aparecem em suas apresentações com taças e mais taças de cerveja, vodka, champagne?
Mal sabem eles como estão sendo usados. Esta indústria é rica e sábia, utiliza do sucesso, deste falso padrão do que é belo para venderem. Concordamos, têm enorme talento, pois suas propagandas são ícones, vencem diversos festivais internacionais utilizando a imagem de nossas belas mulheres que, diga-se de passagem, são meros “objetos” publicitários (não é assim que “eles” vêm?).
Sem mais rodeios, esta nação que desce redondo no sangue de seus familiares e conhecidos presos em ferragens, despedaçados, que desce redondo nas lágrimas da criança que vê sua mãe ser violentada, agredida por aquele que deveria ser exemplo masculino, pai, padrasto, agora destrói TV, quebra louças, arruína sonhos, está embriagada em sua própria insensatez.
Parece radicalismo, nem todos os casos chegam a este ponto. Mas me responda se as pessoas que hoje sofrem com a doença do alcoolismo sempre beberam em demasia? Será que desde o primeiro porre agrediram seus familiares? Não. Isto é um trajeto cheio de curvas perigosas em uma estrada federal sem sinalização e com asfalto precário.
Hoje temos um batalhão de alcoólatras de um final de semana, de uma dose antes das refeições. E é este batalhão que é derrotado na primeira curva. Muitos dos que morrem em acidentes de trânsito não são os velhos dependentes, mas aqueles que bebem socialmente.
São o exercito de jovens que adentram em suas casas em silêncio com medo e vergonha de suas mães. São a milícia dos que acordam deitados em suas próprias fezes e vômitos. Mas isto a propaganda número 1 do mundo não mostra.

Vamos aos dados

Entre 1961 e 2000 o consumo per capita de álcool cresceu 154,8% no Brasil;
Os gastos em 2006 foram de R$ 118 milhões para o tratamento de 123.061 pessoas internadas devido a acidentes causados pelo uso do álcool;
92% dos casos registrados de violência doméstica estão ligados ao uso do álcool;
Acredita-se que 50% dos agressores envolvidos em violência sexual estavam embriagados;

Problemas clínicos

O álcool eleva a pressão sanguínea causando palpitações, falta de ar e dor no tórax;
Pode atrofiar os testículos; Altera o quadro de plaquetas o que torna freqüente as hemorragias;
Provoca a má absorção dos alimentos e causa desnutrição, diarréias, dores abdominais, etc.
Lesões no fígado decorrentes do abuso do álcool que podem causar doenças como hepatite, cirrose, etc.

Enfim, demonstramos aqui nossa preocupação com aqueles que bebem socialmente, pois estes são alvos em potencial. Demonstramos nosso sentimento de compaixão para com as famílias que são alvo de torturas físicas e emocionais. Vimos por meio desta, de modo simples, provocar uma reflexão sobre este assunto e não uma ofensa ou insulto. Pedimos a cada leitor e leitora que promovam este debate, que discordem, que multipliquem... Sempre cientes que muitas vezes nossa satisfação, ou nosso motivo pra ficar mais alegre ou relaxado é o grande causador da destruição de lares, famílias e vidas.