23 junho 2012

Ensaio COLETIVO



O Ensaio COLETIVO trata-se de uma ação do Coletivo ArtSam, ao qual pretende oportunizar acesso a instrumentos e equipamento de som para que grupos de Rap e música possam realizar ensaios.

Além disto os grupos e participantes interagem, debatendo e propondo ações.

Nesta edição do Blog DurapDF realizará debate sobre Literatura Marginal, além de apresentar a ferramenta, como divulgação aos trabalhos.

Esta é sua quinta edição e a partir desta mensal. Já foram realizadas oficinas de fotografia, FAC, Premio Preto Ghoez, dentre outras.

Nesta edição com Réus, Quadrilha Intelectual, DJ Qnnyo, Glauber MC, HcTres, Linha de Frente, MC Japa, Legitima Defesa,DJ Liso, M.M.U, poetas Paulo Diego e Markão Aborígine,além de debate com Blog DurapDF.

Onde: Qr 120, Conjunto 18
Hora: A partir das 14hs
Entrada: Franca, mas 1kg de alimento é bem vindo.

Trazer: Voz, talento e lanche para ser partilhado.
Organização: Coletivo ArtSam
Informações: 061 9602 6711

18 junho 2012

Aborígine anuncia lançamento de Single




Dia 27 de junho! Data escolhida para o lançamento do Single #Andares, do artista brasiliense Aborígine

Poesia musicada, trata do tema infância no Brasil, analisando o contexto social do país para expor situações de trabalho infantil, abandono e exploração sexual.

Com produção musical de Gibe e participação de Rodriggo Misquita, a canção apresenta um MC mais maduro e contundente. A mesma promete trazer o mesmo sentimento de Adolescencia em retratos, conhecida pela forte letra.

Andares, fora primeiramente composta como poesia e já compõe o livro do artista que vem sendo revisado, porém Markão Aborígine decidiu musica-la e lança-la, pois acredita que as informações pode colaborar com o decréscimo de situações de violência e exploração contra crianças e adolescentes.

Confira um trecho da canção:

...
Enquanto em carvoarias se queima a pele, não se aquece a alma
Do trabalhador, dia a dia, braço a braço
A brasa aquecida não alimenta sua família em um rodízio farto


Enquanto aguarda compartilhe!!!

14 junho 2012

O Crack por nós, Markão Aborígine



Entrevista cedida ao Blog DuRap-DF*

Sabe-se que existem usuários de crack de diferentes classes sociais. Mas é certo que a população miserável só pode comprar o crack, devido à vulnerabilidade social dessa classe? Crack, pobreza e população em situação de rua são situações que se misturam e contribuem para o uso da droga? A situação da família é tão agressiva que é um alívio para a criança e o adolescente estar fora de casa?


É interessante, primeiramente, analisarmos o contexto social que produz situação de rua e pobreza. A conjuntura brasileira de violação de direitos, que não oportuniza às famílias o cuidado à saúde mental e/ou acesso à educação e trabalho, alicerçada pela elite, é a principal causadora. Cito isto, pois, atuando com famílias nesta situação identificamos estes aspectos como principais condutores à situação de rua e drogadição.

Ao aprofundarmos o tema vimos que o berço do consumo de crack praticado por uma criança está numa mãe alcoólatra que não teve acompanhamento à sua saúde mental, ou seja, não lhe foi oportunizado o tratamento adequado, pois não há CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) suficientes no país, além do que, o contexto machista e sexista brasileiro fez desta, uma mãe solteira e expulsa de casa pelo pai, sem acesso à Pensão Alimentícia e creche para que possa trabalhar e sair para sustentar sua família.

Nossas crianças ficam sozinhas em casa, assim como as crianças ricas crescem sem a presença dos pais, porém, nossas mães cuidam dos filhos deles. Aqui as crianças não usufruem de atividades esportivas e educativas em contra turno escolar, como já citado, não há creches, não há acesso à cultura através de teatro e cinema, somente acesso à cultura individualista e consumista pregada pela televisão.

Tal situação de risco e vulnerabilidade social, assim como a situação de rua, viabilizam a aproximação e logo o consumo de álcool, tabaco e outras drogas. O consumo das drogas atinge diferentes classes sociais, mas enriquece apenas uma, a mesma que possui acesso às clínicas de tratamento e a informação.


Para o grupo/artista a situação do aumento do uso do crack na zona central do DF e em suas cidades já pode ser considerada grave?

Qualquer situação já é grave. Se o Crack e outras drogas fossem apenas de uso das periferias, possivelmente não haveria tal “repressão”, divulgação e “preocupação”. A falta de fiscalização nas fronteiras, sobretudo, a falta de combate à corrupção (leia-se desvio de recurso do SUS e SUAS e educação) é mais grave.

A omissão e estagnação do governo brasiliense e nacional são graves. Até então só foram discussões e pouca prática em relação ao combate ao crack, tratamento de dependentes e fortalecimento social, econômico e afetivo junto às famílias.


Qual a opinião do grupo/artista, sobre as denúncias de supostas torturas, abusos psicológicos e sexuais cometidos por PM´S do DF à usuários de crack da Zona Central de Brasília? Crianças e adolescentes supostamente espancados no “quartinho da tortura” na Rodoviária do Plano Piloto e amarradas pelas mãos e pés, sendo jogadas da Ponte JK?

Eu poderia citar que enquanto não houver um bom preparo da Polícia Militar estas situações vão se repetir, porém não cometerei tal erro, pois este é o dever dela: higienização social e controle popular.

Não dá para esperar tratamento diferente enquanto não ocuparmos espaços nos Conselhos Comunitários de Segurança, por exemplo. Enquanto não conhecermos nossos direitos, não conseguiremos defende-los. Aí temos um papel chave – enquanto Hip Hop. Somos comunicadores e comunicadoras, devemos dialogar com os agentes de segurança e políticos, propor alternativas, e, sobretudo voltar à base: ser povo.

Mas a respeito do ocorrido, é necessário que haja investigação e punição exemplar dos envolvidos e envolvidas. São denúncias gravíssimas que não podem ficar apenas nas gavetas da corregedoria.


Qual a opinião do grupo/artista, sobre a história do médico Marcelo dos Santos Clemente, que largou a profissão para morar na Crackolandia dedicando-se ao tratamento dos usuários de crack, e que subitamente morreu aos 27 anos?

O jovem Dr. Marcelo deixa uma mensagem importantíssima: a humanização do atendimento aos usuários crack. Seu envolvimento e doação à Crackolandia também são referencias a nós. Hoje criminalizamos e demonizamos aqueles que se encontram nestas condições. A história dele deve ser conhecida, debatida e sobretudo vivida!


O Rap pode ser um instrumento de conscientização, um alerta a esses jovens usuários ou em situação de miséria que são mais vulneráveis ao uso do crack?


Não só pode como tem que ser. Mas deixo claro que nada valerá lutarmos tão somente contra o crack se em nossas canções continuarmos citando o álcool e o cigarro, como padrão de alegria.

Estes matam e viola muito mais que o crack. Precisamos, assim como qualquer tema, estudo e aprofundamento antes de falarmos ou cantarmos. A elite brasileira tem consciência que nos privando de acesso a informação nos manipulará e dominará sem esforços, cabe a nós lutarmos contra tal opressão.


O grupo/artista exerce alguma atividade ou projeto visando o combate ao crack?

Desde meados de 2005/2006 desenvolvo oficinas e palestras em escolas públicas no Distrito Federal e entorno, onde abordo o consumo de álcool e tabaco e a criminalização da juventude e periferia. Lançamos músicas, informativos e recentemente um vídeo de animação destinado a crianças, intitulado “Viúvo”. O mesmo será distribuído gratuitamente as escolas públicas de Samambaia. Além disto, desde dezembro de 2009 atuo como Conselheiro Tutelar na cidade Estrutural, onde atuamos diretamente com famílias, crianças e adolescentes em tal situação.

Mensagem aos jovens do DF e entorno, fãs, famílias e usuários de crack, de conscientização e motivação, para o não uso da droga.

Assim como nos palcos proponho que combatamos a omissão e negligência tão presente em nós; peço a você que está lendo está matéria, que conhecendo criança ou adolescente em situação de drogadição procure um Conselho Tutelar em sua cidade, um CRAS ou CREAS. Indique a família aos AA – Alcoólicos Anônimos e NA – Narcóticos Anônimos. Estes espaços orientam as famílias e comunidade como lidar com a situação.

“Quantas, quantos?
Que nesta noite adentraram seus lares e ao invés de trazer alegria, fartura, bênçãos,
trarão somente a tristeza, pranto, sofrimento.

Quantas, quantos?
Nesta noite serão encontrados aos pedaços dentro carros devido o acidente provocado pela embriaguez
Quantos nesta noite provarão o álcool pela primeira vez?”

#Aborígine - Pretérito Imperfeito


Fica ainda o convite a nos assumirmos como livres. NÃO PRECISAMOS DE TRAGOS E DOSES, ESTES NÃO TRAZEM ALEGRIAS, APENAS ALGEMAS. Estou cansado de ver amigos de infância morrendo de overdose, outros morrendo após acidente de trânsito devido a embriaguez. Chega! Temos exemplos suficientes para nos distanciarmos, não basta?





*Recentemento o blog DuRap-DF, um dos maiores do genero em Brasília produziu matéria sobre o Crack nas periferias e centro de Brasília, realizando entrevista coletiva com artistas, produtores e escritora ligada ao Movimento Hip Hop de Brasília e do país.

A matéria 'O Crack por nós' teve participação de Japão-Viela 17, Jéssica Balbino, MC Ahoto, Insituto Caminho das Artes, Daher-Guind'art e dentre os convidados o MC Markão Aborígine.

Leia a matéria na íntegra: http://www.durapdf.blogspot.com.br/2012/05/o-crack-por-nos.html#comment-form

02 junho 2012

Nos mês do trabalho, muita luta, muito amor



Este mês foi incrível, agradeço. Venho partilhar com vocês alguns momentos que me marcaram muito, enquanto artista.

No dia 1º de maio nos unimos a trabalhadoras e trabalhadores em um ato na Ceilândia, logo após somamos força junto ao Sind'agua na mobilização por melhores condições de trabalhos aos companheiros e companheiras que atuam na Caesb.

A visita ao Novo Pinheirinho, nos trouxe novas esperanças! Parabéns pela resistência e pelo primeiro degrau rumo a vitória.

Sinto que a proximidade aos lutadores e lutadoras nos impulsionaram a superar situações de conforto e colocamos em prática muitos desejos, novas poesias, novas canções.

Em São Paulo, a convite e confiança dos meus companheiros do Equilibrio Rap sentimos mais uma vez a força do povo. Fomos recepcionados por tratores de derrubavam uma favela. Caminhando entre os escombros víamos no chão 40 anos de resistência derrubados em poucos segundos.

Mas comemoramos, nos alegramos. Pois esta derrubada, diferente das que acompanhamos país a fora, foi vitória. Os resistentes por mais de 04 décadas venceram a batalha e em breve estarão em novos lares, com dignidade.

O show e sobretudo as conversas com todos e todas foram ótimas. A organização e articulação do Rap em Votuporanga é motivadora, vimos que temos muito que aprender, e aprendemos com eles e elas.

Já no Distrito Federal, precisamente no CEF 01 de Brazlândia ministramos palestra sobre Bulling e Preconceitos a partir da música 'O Circo', mais um momento emocionante. Relembrei naquele momento de quando era estudante, escrevendo meu primeiro Rap na sexta série... Louco!

Fui questionado se já passei por depressão, devido as piadas e ofensas direcionadas à minha obesidade, silenciei-me. Vi que muitas vezes respondi isto com violência e vi que também multipliquei os mesmos preconceitos. A atenção nos olhares, os sorrisos, as surpresas, os aplausos soou como: Sim, vocês estão fazendo certo, força!

E é assim, com mais força e rebeldia daqui pra frente.

31 de maio de 2012, novo show, novas músicas e um amor já antigo, porém renovado. A apresentação no América Rock, pra eu foi única e emocionante. Pessoas atentas ao discurso e os aplausos e elogio do grande Celso Gomes - DJ Celsão, me motivou ainda mais.

Agradeço a todas e todos presentes neste evento, a todas e todos que não puderam ir, mas desejaram sorte, parabenizaram, a vocês minha gratidão e orações.

Isto foi apenas um mês, encerrou apenas um semestre de 2012, mas daqui pra frente, a partir destas palavras o show é de vocês, não só nos palcos físicos, mas nos palcos da vida. Sabe por quê?

"O Show começou, o poeta vai no flow
Os manos e as minas, só os guerreiros grita..."

Esta história não é minha, mas de cada um que partilha Sopro de vida em seus talentos. Axé aos amigos Glauber, Raro, D.j. Liso, Dnego Produções, Palito e Guilherme, Kalango QI, Henrique QI. Às amigas Lô Sousa e blog DuRap, Luana Euzébia, Juh Juliana, Thaline Valcácio e Alice - Nakaradura, Gleicy Kelly, Janaína, Rose Elaine (te amo), Tudo nosso!

Obrigado,
Markão Aborígine

*Postado originalmente no facebook