26 julho 2008

Profissão perigo


Perigo - Do latin periculu - Situação, conjuntura, que ameaça a existência ou os interesses de uma pessoa ou coisa, risco.
Cultura - Do latin cultura - Efeito de cultivar, desenvolvimento intelectual, saber, utilização de bens naturais.
Aborígine - Do latin aborigine - Oriundo do país em que vive, natural da terra, indígena.

Ao pensar em perigo lembramos muitas vezes de perseguição, neste texto gostaria de abordar o ato de perseguir sonhos, porém tais sonhos valorizam os bens naturais da terra em uma conjuntura de valorização do exterior capitalista e opressor, ameaçando assim a existência e fomentando a desistência.

Sou pai, esposo, filho, cantor... Perigo é militar em uma música sem garantia do alimento em cima da mesa, ou mesmo presença.
Sou pai, esposo, filho, cantor... Perigo é sujeitar-se a subempregos, escondendo talentos e se entregando a desistência.

E há dois dias desisti. Do meu CD desisti. Tamanha são as dificuldades, pouco é o tempo, mas a força do espírito e talento permancecem em atividade. Chorei, perdi o fôlego, ainda sofro, ao saber que minha dor foi sorriso para os lábios de outros.
Sempre deve haver a perseguição, com cansaço, com lágrimas, com frustração, mas sempre tem que haver, mesmo que objetivo corra mais rápido, por mais que os pedágios do caminho se encareçam, tem que existir, pois assim o objetivo ao contrário de você vai se cansar e ser alcansado.
Entendo e vivo isto hoje... Estou de volta.

http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/aborigine/

21 julho 2008

Fragmentos de uma história

A minha esposa Rose Elaine

Que saiba, o mundo, que poesias não são escritas
Que estrelas já não brilham nem tampuco inspiração
Para o poeta sonhador
que peleja nas estradas dor
Encontrar-te por ideal e missão

Nas idas e vindas de rodas sortidas desta grande ciranda
Por beijos inocentes que carregam tamanha vergonha e timidez
num olhar duvidoso
a partir de um abraço caloroso
A criação da eternidade se fez

Escondido numa hierarquia, mas que vive em expansão
Carícias perigosas, numa caixa de chocolates e rosas, conversas num coletivo
identificam uma pessoa
palavras de uma mesma boca
As mesmas de um beijo lindo.

Que invadem o ventre desta terra tão delicada
Onde se constroem riquezas raras, sentimento único e suor
rotações e tranlações
completam o círculo de construções
Junto a ti... meu amor.


15 julho 2008

Entrevista dada a alunos do Curso de comunicação do Circuito Jovem


Entrevistamos o professor Marcus Aurélio, conhecido como Markão. Ele já trabalhou com rádio, mas sempre exerceu o Hip Hop na figura de dois elementos MC e Grafite, arte a qual se dedica como educador na instituição.

CJ: É sabido que você já trabalhou com rádio. Como foi sua experiência?
Markão: Bem, iniciei esta caminhada apresentado um programa de Rap na cidade de Baraúna, interior da Paraíba, o programa se chamava R.A.PB, na freqüência da Rural FM. Uma rádio que dividia espaço com um armazém de uma bodega (mercado). Vindo para Brasília comandei por 2 anos o programa Militância Hip Hop na Água Viva FM, rádio de Samambaia. Nele se ouvia somente Rap nacional, protesto e mobilização social.

CJ: Para você, rádio e grafite podem trabalhar juntas? Como?
Markão: Sim, ambas tratam de comunicação e expressão. O trabalho que fazia com a rádio hoje faço através da escrita urbana. É de suma importância que não só o grafite, mas o Hip Hop em geral estreite os laços com as rádios, em principal as comunitários e livres, e também espaço nas rádios Web.

CJ: Por que essa troca de deixar a rádio e trabalhar com grafite?
Markão: Na verdade nunca troquei. Deixei a locução devido ao fechamento da rádio por parte da polícia. Na época estávamos em processo de legalização, mas o importante era o trabalho social e espiritual que era feita pela mesma. E é isso que provoca tais fechamentos. A queda da audiência das grandes rádios, a valorização dos artistas locais, auto estima da comunidade.

CJ: Hoje grafite pode ser visto como fonte de renda?
Markão: É fonte de renda. Através do trabalho que faço com o Hip Hop e em especial o grafite sustento minha família. Essa arte está ganhando mais espaço no mercado de trabalho através da customização de roupas, produção de faixas e painéis, publicidade do lojas e até mesmo o artesanato. Grafite, a partir da organização é geração de renda.

CJ: O que é pichação? Obedecem regras? Qual a diferença com o grafite?
Markão: Em primeiro pixação é arte, é uma letra desenhada. Por que a caligrafia é considerada arte e pixação não? A maioria dos pixadores são líderes em potencial, sendo que esta liderança não foi trabalhada em nenhum nível de formação acadêmica, assim utilizam as armas que a própria sociedade dá para serem vistos e mostrarem liderança. Os grupos são organizados, têm reuniões, trocam informações... Seguem regras. São frutos da sociedade que diz que devemos está em primeiro lugar, passando por cima de tudo e todos. Ela é vandalismo, mas tal ato vândalo é conseqüência de um crime maior, a omissão.Relacionando com o grafite, são filhos de uma mesma mãe que percorrem por caminhos diferentes. O grafite é mais trabalhado e não visa somente statuss ou fama, o grafite é um veículo poderoso no combate a pixação e sobretudo na formação política e humana de pixadores. Sendo qual for tem que haver respeito.

"Garra e determinação, com certeza, é o principal caminho para alcançar metas"

Entrevista com o Rapper e militante do HIP HOP Markão


No mês de junho aconteceu na cidade de Samambaia, periferia do Distrito Federal, o 3º Hip Hop Cidadã. O evento tinha a intenção de congregar coletivos de hip hop, formar lideranças e traçar metas e ações para o próximo semestre de 2008. O mentor do encontro é um educador e militante do hip hop, Markão, do coletivo Hip Hop ArtSam. É com ele que trocamos uma idéia agora:

Pavão: Olá Markão, você poderia nos dizer qual a sua naturalidade, como você atua e há quanto tempo está envolvido com o hip hop?
Markão: Em primeiro lugar muito axé e luz a todos leitores. Bem sou natural de Brasília, mas paraibano por sangue e amor. Já faz aproximadamente 11 anos desde minha primeira composição em trabalho de escola. Daí venho me empenhando e há 6 anos militando socialmente dentro da cultura e entidades em geral.

Pavão: O que você entende como mais importante no movimento?
Markão: O Coletivo. A união de áreas que há muito são tratadas de forma distintas. Artes plásticas, música e dança trabalhando em comunhão para um objetivo fraternidade. Isso é importante a razão a qual existe e motivo pelo qual vive - o próximo, a comunidade, a periferia.

Pavão: Sob que perspectiva de atuação você entende estarmos mais carentes atualmente no hip hop do DF e no Brasil?
Markão:Acredito que falta verdade no que fazemos. Aceitamos uma domesticação do Hip Hop. Roupas, conteúdos. Infelizmente o Hip Hop foi alvo das armas deste mesmo sistema que prega individualismo e consumismo. E isto foi incorporado ao Hip Hop - por alguns que são muitos, diga-se de passagem.Mas em geral, isto se deu por falta, mas principalmente por omissão de lideranças que há algum tempo mudaram ou não praticam seus discursos.

Pavão: Como poderíamos melhorar nossas fraquezas e contradições enquanto movimento?Markão: A partir de um trabalho em comunhão e maior organicidade. E entendermos realmente o que é um movimento. Hoje agimos enquanto movimentos? Um exemplo simples é o choque de datas de eventos que acontece hoje no DF, em um mesmo fim de semana duas Batalhas de Breaking. Temos que nos articular, entender a realidade, o estado, a sociedade, estudar e conhecer nossa comunidade.

Pavão: O que é o Hip Hop Cidadã e há quanto tempo ele acontece? Qual foi o balanço geral do encontro?
Markão: O Hip Hop Educação Cidadã é um encontro de formação de militantes, adeptos e praticantes do Hip Hop. Vem sendo realizados a 3 anos em parceria com a Rede de Educação Cidadã (Rede nacional de movimentos e entidades nacionais) tendo como proposta a criação de uma Rede Distrital de Hip Hop e trabalho de base com os grupos. A idéia é descentralizar o debate, o mesmo que há muito vinha sendo realizado no Plano Piloto. Partimos então para a periferia. Ceilândia, Santa Maria e este ano em Samambaia. O balanço foi positivo, conseguimos agregar mais grupos e cidades a construção o que possibilitou muito trabalho. Um encaminhamento muito significativo foi a necessidade de levar o debate aos grupos, sendo assim no segundo bimestre vamos iniciar um diagnóstico e uma série de reuniões nas quebradas.

Pavão: Como o hip hop pode pular de apenas entretenimento para educar e conscientizar de fato?
Markão: Na verdade é necessário a existência dos dois, mas saco vazio não para em pé e nem pula e grita How. Acredito que o Hip Hop conhecer Paulo Freire e a educação popular é um grande avanço, pois hoje cantamos Rap pelo simples fato de sonhar. É positivo e plausível, mas e o sonho de cantar para transformar a realidade? E o sonho de cantar para construirmos um novo mundo possível?Compas... Precisamos conhecer a essência do Hip Hop e conhecer o contexto dos locais de onde surgiram os 4 elementos. Resgatar e tornar público a essência.

Pavão: Comente os benefícios de trabalhar uma rede no hip hop.
Markão: Um exemplo simples... Rede social de grifes urbanas (proposta em construção), algumas marcas de roupa que desenvolvem produtos para a Cultura Hip Hop se unem, assim compram tecido mais barato, serigrafia mais barata e costura mais barata, logo são repassados mais baratos, sem explorar @s costureir@s a exemplos de grandes marcas. O Hip Hop é do e para o povo pobre, como comprar um conjunto a 400 R$.Ao se tratar de uma Rede vamos desde uma agenda coletiva de eventos e ações e consecutivamente o fortalecimento dos mesmos, a um trabalho de base mais elaborado e por fim a vitória.

Pavão: Quais os seus próximos projetos e ações?
Markão: Articular junto ao Hip Hop do DF algumas ações coletivas como: Participação efetiva dos conselhos de cultura, fiscalização de parlamentares em relação as políticas para juventude, audiência pública na câmara lesgislativa para reivindicarmos e dialogarmos com os deputados... E uma atenção especial a minha cidade Samambaia, e aos projetos do Coletivo HIP HOP ArtSam. E gravar meu CD... kkk...

Pavão: Deixe uma palavra final pra geral do DF e do Brasil.
Markão: Encerro com a poesia de um poeta cearense chamado Zé Vicente

"Sonho que se sonha só
Pode ser pula ilusão
Mas sonho que se sonha junto
É sinal de construção"

Vamos juntos sonhar e construir em mutirão.De cá Markão Natural da terra, Aborígine.
Grande abraço a todas e todos.Contato: aboriginerap@gmail.com e 96026711

*Entrevista dada ao Coletivo Aquilombando.
*Fonte: http://hiphopforadoeixomt.blogspot.com/2008/07/coletivo-aquilombando-entrevista-o.html

Transporte, Cidadania e Hip Hop


O SEST/SENAT realiza, de 20 a 27 de julho, em suas unidades em todo o Brasil, o evento Transporte e Cidadania, com atividades de esporte, lazer, cultura, recreação, educação para a saúde, ações cívicas e de atendimento ao cidadão.

O Hip Hop marca presença neste fraterno evento na unidade do Sest Senat de Samambaia DF, contando com apresentações dos grupos do Coletivo Hip Hop ArtSam, sendo que os mesmos irão promover no dia uma Intervenção de grafite, apresentações de Rap e Breaking, além de mini oficinas e palestras sobre a cultura, com estande garantido para visitação dos participantes.

Fica a todos militantes da cultura, em principal da cidade, o convite para realização do 2° Encontro de Hip Hop de Samambaia que irá acontecer no mesmo espaço e dia. Maiores informações Markão 9602 6711

Hip Hop Educação Cidadã


Aconteceu no último dia 15 de junho a 3ª edição do Encontro de formação Hip Hop Educação Cidadã, agregando militantes e adeptos do Hip Hop das cidades de Samambaia, Santa Maria, Planaltina, Gama, Vale do Amanhecer, Águas Lindas, Ceilândia, Plano Piloto, Taguatinga e Goiânia.
Nesta terceira edição de um encontro que tem a proposta de articular e promover o debate sobre a criação de uma Rede Distrital de Hip Hop, além de descentralizar o debate, ou seja, levá-lo a periferia, foi realizado um debate sobre o contexto de desafios da cultura no Distrito Federal e entorno, tendo como assessor o MC Pavão do Coletivo Aquilombando. A tarde animados pelo documentário Aquilombando foi feito estudo e reflexão sobre o contexto social dos locais de origem dos 4 elementos.
A partir das explanações os grupos apresentam propostas de ações coletivas enquanto conjunto como Fóruns de discussão, criação de meios de divulgação de trabalhos que mantenham a raiz ou essência da cultura, livrando-se assim de meios comerciais ou “jabalísticos”, agenda coletiva do movimento e trabalho de base por meio de diagnóstico dos trabalhos realizados por entidades ligadas a cultura e debates sobre a Rede Distrital de Hip Hop nas cidades.
Participaram do encontro os grupos e organizações: Coletivo Hip Hop ArtSam, Família Hip Hop, Aquilombando, ONG Grupo Atitude, Grupo Astral, Missionários, Combatentes e MC’s de Classe, Aborígine, TecknyKings, Original style, PANE Crew, Afros Hip Hop, Ninho dos artistas, PJL, A primeira voz, Impacto periférico, dentre outros.