20 janeiro 2014

O Roteiro


A ficção é contada a partir da história de 3 personagens principais: Uma modelo e seu namorado, formado em medicina, e um jovem viciado em álcool, fiel frequentador de baladas universitárias.

A jovem modelo Karina é protagonista de comerciais de cerveja e segue o estereotipo machista: “Mulata”, loura e biquíni. Durante o vídeo são constantes as cenas com a mesma acompanhada por outras modelos.

Corta-se a imagem onde o médico, que também é seu namorado, lhe questiona mostrando imagens de acidentes e de como seus pacientes ficaram. Num misto de preocupação e fúria ele mostra à Karina fotos de paraplégicos e conta estórias de seus pacientes. Após a discussão ambos se abraçam.

Despedem-se e a mesma segue para seu carro. Nisto o jovem que aparecia em relances se embriagando, dirige-se tremulo ao seu automóvel. Dar-se destaque a dificuldade do mesmo por a chave na ignição.

O início da última cena se dá quanto há o encontro dos três personagens. O Jovem após ver comercial protagonizado pela modelo sai do bar e vai dirigir. Não liga para o amigos lhe aconselhando a chamar um táxi. Nesse momento há um close nas mãos tremulando a chave enquanto fala: “Eu sou é homem porra, piloto de fuga”.

Ao virar a esquina não para no sinal vermelho e atropela uma mulher que estava entrando em seu carro. Arrastou a mesma por uns 10 metros, enquanto a chave fica balançando na porta ainda fechada.

Mesmo bêbado assusta-se ao olhar a mulher desmaiada e pensa está alucinado, pois a mulher que acabara de atropelar é a mesma que viu minutos antes numa propaganda de TV lhe oferecendo cerveja.

Ambos são levados ao hospital. Filho de empreiteiro e dirigindo um carro importado sequer fora algemado, mas o estado de embriaguez era tamanho que também fora levado ao Hospital.

Pela terceira vez a modelo e um jovem burguês estão próximos. Hospitalizados em um Clínica Particular onde o namorado de Karina trabalha.

Neste instante o dá-se destaque o Médico olhando a Radiografia, onde constatou que o jovem que a poucos momentos estava sorrindo e bebendo com amigos estava com hemorragia interna. Num corte rápido mostra-se a imagem do jovem capotando e depois sendo enterrado, de Karina e seu namorando chorando, enquanto ele lhe consola.

A cena final apresenta Karina novamente em propagandas da TV... Mas desta vez a modelo em uma campanha contra o consumo de álcool, dando destaque não mais ao seu corpo e sim a cadeira de rodas. Será mesmo ficção?

Do livro 'Sem rosto, família ou nome'

14 janeiro 2014

Jéssica


Jéssica
Teve tudo que quis, nem tudo precisava
Convite pra balada, aceitava.
Uma latinha balançava
No cartão de crédito uma carreira cheirava
Mas não a carreira que o pai lhe desejava

Seu José foi mãe e pai
criou sozinho
Vaga em escola, fila do posto de saúde enfrentando o frio
Em lan house fez currículo
3x4 tirou
Distribuiu com fé em cada
Agencia do trabalhador

Enquanto isso Jéssica se revolta
Pelo celular presenteado que não era da moda
Quando vai à escola logo o desliga
Faltava aula e lá está Seu José preocupado com a filha

E faz três dias, que não volta pra casa
Na mochila, panfletos e mais panfletos de baladas
Cama revirada
Celular inúmeras chamadas
O pai atende ao som de Ela tá virada

“Ai loirinha, a chola ta pronta
Tem escama, uns lança, maconha
Muito som do bom, funk e muito Rap
Lhe enviei o endereço por SMS”

Seu José não acredita no que ler
Entre a caixa de entrada há vários não lidos:
Cadê você?
Mensagem que ele envia desde sexta
Foi à cômoda e pegou uma caneta

Escreveu o endereço
E foi atrás do amor de sua vida
E grita:
Jéssica minha filha

Responde por favor, precisa de ajuda
Papai te ama, por favor me desculpa

Faltou trabalho, foi demitido
Dormiu na rua, sentindo frio
Preocupações e calafrio
Atrás do amor que o mesmo amor lhe omitiu

Jessica
Pela primeira vez chegou em casa
Não tinha café da manhã ou mesa feita
E lá está a mesma preocupada
Pensando no local onde o pai esteja

Pegou o celular leu cada mensagem
Envergonhou-se do pai, de cada bobagem
Tomou coragem e fez à ligação:
Pai cadê você?
Ele atende e diz: Estou em qualquer lugar, menos no seu coração.

#MarkãoAborígine


Um bom dia se faz lutando!



Sim, um feliz ano novo!

Mas tenha certeza que tal felicidade parte de teus esforços. Comum não? Mas não é este esforço convencional do melhor para si não. É o esforço para sermos cada vez melhores para nossos filhos e filhas, melhores para nossa família, melhor para nossa cidade.

Ou seja, é bom reaprender a sorrir, olhar para a vizinha e desejar um bom dia. É bom reaprender a falar, pois saiba que as teclas não beijam, seja presente!

Pensa assim: esse ano foi apenas um ensaio, independente do que houve, foi apenas um ensaio, agora sim vou subir no palco para brilhar, mas num teatro onde todos e todas também são protagonistas!

Enquanto minha felicidade for só minha, não será felicidade!

Então que venha esse tal ano novo e que eu posso partilhar prosperidade, que eu posso ter uma vida saudável, que me alimente cada vez mais de utopias e rebeldia, que venha a vitória!

É sim um texto cheio de exclamações, pois para felicidade não importa se há ou não concordância, pois a vida não é tão certinha assim não, afinal ainda não somos máquinas como o Opressor quer, e se depender de mim, vou desligar monitores e sair pra rua, olhar os fogos, beijar como nunca minha mulher e meus filhos, brindar com amigos.

E que seja assim, que caminhemos com a certeza que um bom dia se faz lutando, sorrindo e cantando, que se deixarmos de fazer isto num dia sequer continuaremos apenas ensaiando uma felicidade, apenas esperando um ano novo e nunca o construindo.

Então, vambora, mãos a obra!

Abraço fraterno, #MarkãoAborígine