17 agosto 2013

Temporadas do Sol com Aborígine


Ocorre este domingo, dia 18 de agosto, mais uma etapa do projeto Temporadas no Parque que nesta edição leva ao Parque da Cidade Aborígine, GOG e Máximo Mansur.

O projeto é apoiado pelo Fundo de amparo a cultura - FAC/DF e vem levando a várias regiões, música, cultura e arte engajada na lutas sociais, promovendo mais que shows, diálogo entre as comunidades.

Taguatinga e Sobradinho receberam o Circuito e no próximo dia 24 de agosto ocorre a última edição do mesmo, com pré lançamento do CD 'O canto dos mártires ' do rapper Aborígine.

Realização: Imaginário Produções
Local: Parque da Cidade - Em frente ao Nicolândia
ENTRADA FRANCA

Invisíveis


Olhe nos olhos
daquele
daquela
Que distribui panfletos

Receba-os
Para aquele
Para aquela
Traz o pão, é emprego

Não vê a criança
Com halls
Chiclé
Jujuba?

Dá importância
Pensa no mal
Sobe o fumê
Chama viatura

Qual a cor
De quem está na rua
Ou limpa o piso
da loja?

Qual a cor
Da sala do Galois,
Da Vinci
ou da Católica?

Metamorfose
Nosso povo
se transformou em:
Homem placa
Mulher placa

Exame admissional
Compro ouro
Dentista-quase de graça

Pra construtora
Balança bandeira
Anuncia suposta promoção

Enquanto é
Afastado para lonas e madeiras
No Entorno da Especulação

Na ficção
A invisibilidade é poder
Heróis e Heroínas

Na nação
A invisibilidade é morrer
Doenças e chacinas

Viu o sanfoneiro?
80 anos
Debaixo do sol
Pele queimada

Perfil brasileiro
Roubado por bancos
Coisa normal
Cena diária:

Sou cego
Mas não me entrego
Canto forró
Toco sanfona em troca de moedas

Futuro incerto
Não nego
Pois quem passa
Também não enxerga!

Resta
Um alerta
O mais difícil é olhar pra si

E se
Foi invisibilizado
É hora de reagir!


Por Markão Aborígine
O Canto dos Mártires

Do livro 'Sem rosto, família ou nome'

01 agosto 2013

ABORÍGINE ainda canta!


1º de agosto

Surge o mês que permeou dias e noites de planejamentos. O olhar fixo a cada data, buscando a cada momento ocupar uma agenda, ocupar espaço, trabalhar.

E aqui partilho com vocês a alegria de anunciar, quatro anos depois, o lançamento do meu novo CD 'O Canto dos mártires'.

Esse álbum é um convite a cada uma e cada um que diariamente lutam por nosso povo, lutam por nossa música. O Capital todos os dias trabalha para silenciar e para omitir nossa música, e quando cito nossa, refiro-me sim a um Rap comprometido, mas não com este mesmo Capital e suas ferramentas: individualismo, consumismo e dominação ideológica.

Eles dizem que esse Hip Hop morreu, aliás.. "militar o que?' Mas se isto realmente aconteceu eis aqui um mártir, nós somos!

Só eu sei quão difícil é conquistar isto. Caminhos que trilhei, de noites longe da família, de lágrimas, do abatimento causado pela inveja e o sentimento de desistência que a cada dia batia mais forte, são elementos que trazem a verdade neste trabalho.

O cansaço e a desistência foram fortes, mas eu venci. E a vitória além de cantada, também será ESCRITA!

Ontem, dia 31 de julho, fiz a última reunião com a Editora, e meu primeiro livro 'Sem rosto, família ou nome' também nasce este mês.

Nasce, pois está em gestação desde 2005 quando lancei meu primeiro fanzine, cresceu e foi alimentado quando criei o Sarau Samambaia Poética, e quando distribui poesias em paradas de ônibus e no metrô no projeto Poesia em Coletivo as contrações foram fortes.

Antes de finalizar, a memória de meu avô vem à mente. Pedro Dantas em sua mocidade era repentista e cordelista. Com ele, lá no interior da Paraíba tive o primeiro contato com a poesia, ouvindo seus poemas e causos.

Em 2009 o homenageei com a capa do CD e lançando este livro sinto a presença de meu avô. Uma presença que não está em foto, pois quantas vezes ficava envergonhado em abraçar um idoso. Hoje, não mais uma criança/adolescente com falsas rebeldias eu sinto tamanha saudade e vontade de voltar e registrar aquele sorriso honesto e os belos olhos verdes num rosto cansado de trabalhar no campo.

Que vontade de sentar a sala e responder todas as perguntas possíveis. Meu avó era analfabeto, mas aprendeu a ler sozinho, decorando cada frase, cada palavras dos livros que lia.

Perguntas como "você sabe quantos km tem o rio Amazonas?" eram constantes. E ele tinha a resposta disto e tudo na ponta da língua.

Minha poesia nasce ai, no interior paraibano, a partir da sabedoria do povo nordestino. 'Sem rosto, família ou nome' é esta memória de luta, é meu primeiro livro!

Nasce na luta e pra luta. Não será produzido por empresários ou empresárias do ramo, mas por moradores e moradoras da cidade Estrutural. A capa não será brilhante ou luxuosa, mas reciclará a vida em papelões jogados no lixo e esta beleza supera quaisquer estereótipos.

A você que acredita em minha poesia, que canta em um evento, que toca na rádio, que curte uma postagem ou chama para conversa e diz: "seu som é da hora", a minha profunda gratidão, vocês são cúmplices desta felicidade, vocês são responsáveis por este trabalho!

Nós vencemos.

Um bom dia
Markão Aborígine

Festival Música no Parque


Este sábado ocorre o Festival Música no Parque celebrando a cultura popular com Mambembrincantes, Renato Matos e Aborígine.

COMPAREÇA

Local? Espaço Imaginário - Qr 103, Samambaia Sul
Hora? A partir das 18hs

ENTRADA FRANCA