20 janeiro 2008

Jesuíno Brilhante

Dou para os pobres, o que com suor tirei dos ricos. Sou cangaceiro, sou nordestino, sou Brilhante, sou Jesuíno”. Aborígine

Caros leitores, é com muito orgulho que venho através deste texto contido no Zine Informe Militante apresentar-lhes um grande lutador popular, que como de costume é excluído das páginas do livros escolares. Assim como tantos outros, pois não é de interesse da elite – quem comanda a “educação”- que saibamos nossa história, nossa raiz.
Acredito que é a partir disto que temos uma população tão submissa. Enquanto não nos vermos em nossa história, enquanto não identificarmos referências humanas de luta e reivindicação permaneceremos imóveis perante a tanta atrocidade.
Devido a este motivo estarei postando textos narrando a história de revolucionários e revolucionárias intitulada Lutadores populares. E como este verso já disse estaremos conhecendo a vida, história e ação de Jesuíno Brilhante, o verdadeiro Robin Hood.

Jesuíno Brilhante


Jesuíno Alves de Melo Calado, depois chamado Jesuíno Brilhante, foi um cangaceiro gentil, romântico, verdadeiro Robin Hood, muito querido pela população pobre, defensor dos fracos, dos anciões, das mulheres humilhadas e das crianças agredidas.
Nasceu em Tuiuiú no estado do Rio Grande do Norte, em 1844 e morreu lutando em Santo Antônio, Águas do Riacho dos Porcos, Brejo da Cruz, Paraíba, em fins de 1879.
Uma briga entre sua família com a família dos Limões, em Patu, valentões protegidos pelos políticos, tornou-o de um simples agricultor em chefe de bando invencível em 1871.
Esta briga iniciou-se devido ao furto de uma cabra que servia de sustento para as famílias na época. Nascia ai um homem repleto de valores morais integrando um cangaço justiceiro.
Ia sempre disfarçado às cidades maiores, hospedando-se em residências amigas, adquirindo munição e víveres. Durante a “Seca dos dois sete” (1877) furtava alimentos dos comboios oficiais para distribuir aos pobres atingidos pela seca.
Nordestino valente, ambidestro, pontaria infalível. Multiplicou tais qualidades ao tirar bens de grandes coronéis opressores e dividir entre os oprimidos
Nunca exigiu dinheiro ou matou para roubar. Sua popularidade prestigiosa perdura na memória do sertão do Oeste norte-rio-grandense e fronteira paraibana com admiração e louvor inalteráveis.
E hoje temos que ter este espírito de solidariedade e luta em favor do próximo, presentes em nossa caminhada. As armas o próprio Jesuíno mostrou: Gentileza, atenção. Possamos assim enfrentar nossos inimigos com as armas que eles não esperam. Façamos a revolução silenciosa em nossos lares e nossas comunidades. Sejamos brilhantes... Lutadores e transformadores brilhantes...

14 janeiro 2008

História e Militância




Trabalho artístico e social realizado pelo jovem Marcus Dantas, vulgo Markão Natural da Terra. Educador popular que utiliza a música Rap como instrumento de trabalho em oficinas de formação humana e social em escolas, igrejas e organizações em geral.

Dentre as oficinas e seminários, já foram realizadas ações e apresentações musicais nas faculdades Dulcina de Moraes, Projeção, JK e UNB, em aproximadamente 40 escolas por todo o Distrito Federal e entorno, Pastoral da juventude e grupos de jovens paroquiais.

Artisticamente já se apresentou em diversos e distintos espaços, pois une a musicalidade a uma militância, assim apresentou-se na Feira de economia solidária de 2006, Grito dos excluídos em 2004 e 2005, 1º, 2º e 3º festival de arte e cultura de Samambaia, 4º festival de música popular de Samambaia, onde recebe prêmio de originalidade e melhor letra com a música “O azul de uma caneta”, Coral Ação criança na Sala Villa Lobos em 2007, Encontro de formação Hip Hop Educação Cidadã nas 3 edições, 1º Fórum de juventude do Distrito Federal, Caminhada Mariana, Sarau Movimento Educacionista, Sarau Complexo, Câmara Perto de você – Programa da Câmara legislativa, Festival Rap Popular Brasileiro, onde garante a 2ª colocação dentre 38 grupos inscritos.

Já cantou ao lado de artistas internacionais como as argentinas Actitude Maria Martha no Fórum social mundial realizado em Belém, e posteriormente em Brasília no CCBB, e os espanhóis Violadores del verso em 2008, e se apresentou em vários estados como São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, onde foi apresentador de um programa de Rap e Belém do Pará.

O rapper atua como educador popular na Associação Viver, da Cidade Estrutural, Rede de educação cidadã, Centro de formação em economia solidária, além de ser articulador do Coletivo ArtSam e Rede DF – Entorno de Hip Hop.

Enfim, Marcus prepara-se para o lançamento de seu primeiro CD intitulado “Dia e noite. Dia açoite. Noite fria”, além de CD virtual com poesias intitulado a “Vida em canção”.

13 janeiro 2008

Dados sobre desigualdade



Um calçado onde o cadarço equivale ao meu salário/Enquanto isso o homem morre a cada três segundos por não ser alimentado.
Aborígine

Inspirados neste verso do grupo de Rap Aborígine iniciamos o debate nesta quarta edição do informe militante. O porquê de conhecermos dados sobre desigualdade? Para darmos conta que fazemos parte destes números em quaisquer esferas, oprimidos ou opressores.

É de suma importância que entendamos que a transformação parte de cada um. Precisamos nos conhecer para conhecer o outro. Precisamos mudar para mudar o outro. Isto em construção coletiva, respeitando as especificidades, características e saberes.

Nosso intuito nesta edição é transmitir sentimentos inquietantes, para que estejamos determinados na luta. Você leitor e você leitora não deve ser coadjuvante de sua história, não podemos permitir que uma minoria escreva uma história mentirosa. Estas histórias que lemos nos livros que recebemos ou compramos durante nossa formação acadêmica.

Saiba que fomos educados a não enxergar. O mundo nos diz que devemos ser individualistas, racionalistas, mecânicos. O problema do outro só é meu a partir do ponto que sou prejudicado. Não preciso ajudar. Não preciso comunicar.

Isto se é notado nas festas de aniversário infantis que são última moda. As crianças não se sujam, não se integram. Cantam os parabéns através das teclas em aniversários feitos em “Lan houses”, ou são forçadas a uma “adultez”; Crianças e suas vaidades, salão de beleza, celular.

Entendendo uma pequena parte deste mundo vejamos o que ele provoca:

- A cada três segundos uma pessoa morre no mundo devido a miséria;
- Apenas 20% da população mundial consomem 86% dos bens disponíveis;
- O gasto per capita de um suíço com saúde é 151 vezes maior que um habitante do Níger;
- A cada dez segundos uma pessoa morre de Aids;
- Os gastos militares anuais chegam a U$$ 1 trilhão. O combate a Aids U$$10 bilhões;

Lembramos que estes 20% da população mundial consomem a metade de toda carne e peixe, 58% de toda energia, utilizam 84% do papel produzido e são donos de 90% por cento da frota mundial de carros, enquanto os pobres têm menos de 1%. Hoje neste mundo temos mais de 170 guerras.

Vejamos o Brasil, um pais continental que é primeiro mundo durante o carnaval.

- A renda per capita do Lago sul é de 73 salários mínimos;
- Os quatro mais ricos, somando suas riquezas possuem o PIB de dois anos atrás;
- O Brasil com seus 180 milhões de habitantes está no quinto lugar no ranking de país mais desigual, os quatro primeiros somam apenas 15 milhões de pessoas;
- As elites brasileiras possuem uma renda familiar anual de 450 mil dólares, os outros 99% da população brasileira possuem uma renda familiar de 16 mil dólares.

Estes dados revelam o porquê de a cada 1000 crianças nascidas no Brasil 26 morrem: Brasil – Um País Com Miséria.

Somos um país de indigentes. Este mundo escraviza nossas crianças em carvoarias, em semáforos e em lixões. Impõe a discriminação racial onde 63% dos pobres são negros. Produz a indústria da seca e a migração para grandes centros.

Constróis cidades dormitórios, famílias desestruturadas, palafitas, residências em viadutos.

A felicidade é o destino de todos, mas infelizmente a realidade impõe obstáculos. Podemos derrotá-los através de mobilizações e de transformações silenciosas, não somente lutas ou o voto, mas a partir de um amor verdadeiro ao próximo.

Possibilitando-o está junto de sua família em um domingo ou feriado, boicotando o comércio nestes dias. Sonhando, denunciando e partilhando. Procure entidades sociais, procure mudar suas atitudes dentro de casa, escola, trabalho, dê importância à vida em sua plenitude e lute para que a dignidade reine em coletividade.

Você é protagonista.

Fonte: Zine Informe Militante
Autor: Markão Aborígine

MENSAGEM AO HIP HOP
Cantar por cantar? Dançar por dançar? Fazer por fazer? É assim que ultimamente estão fazendo, dentro disto faço nova pergunta: Cantar pra quem? Dançar pra quem? Fazer pra quem? Vamos continuar evoluindo a rimática e regredindo o conteúdo? Enquanto ficamos ostentando carros muitas vezes que não possuímos, tendo como objetivo o lucro, nada teremos, e em ponto nenhum chegaremos.
Sabe pra quem você tem que dançar ou cantar? Para os mais de 100 mil jovens desempregados no DF. Para as famílias que choram a cada 10 minutos, pois são alvo de armas de fogo. Para as 8.000 pessoas que morrem diariamente devido a doenças associadas ao uso do cigarro. Para aqueles que vomitam seus próprios rins. Para as crianças pais e mães de crianças. Para o jovem que como você queria cantar grafitar, discotecar ou dançar, mas não pode, a droga não deixa; Ou talvez quem poderia ensina-lo está muito ocupado treinando autógrafos e na sua praia de idiotice pessoal
(se é que me entende).
Vê? O hip hop é muito mais que esse mundinho de calças largas e parafernálias carnavalescas. O hip hop é mudança, é transformação social. Tem que haver objetivo em cada moinho de vento e em cada bombardeio de tinta. Temos que somar a energia que temos a uma causa, e jamais se deixar levar pelos PRODUTO$ DO$ OPRE$$ORE$. Direcione seu talento a esta causa: ao fim da miséria, a elevação da fraternidade humana.
Ou vai ser mais um a arruinar e destruir o sonho que muitas pessoas ajudaram a erguer com a própria vida?

O Brasil que desce redondo

Não é de hoje que vemos celebridades brindando e sorrindo a nossas custas. Quantos artistas sobem ao palco e aparecem em suas apresentações com taças e mais taças de cerveja, vodka, champagne?
Mal sabem eles como estão sendo usados. Esta indústria é rica e sábia, utiliza do sucesso, deste falso padrão do que é belo para venderem. Concordamos, têm enorme talento, pois suas propagandas são ícones, vencem diversos festivais internacionais utilizando a imagem de nossas belas mulheres que, diga-se de passagem, são meros “objetos” publicitários (não é assim que “eles” vêm?).
Sem mais rodeios, esta nação que desce redondo no sangue de seus familiares e conhecidos presos em ferragens, despedaçados, que desce redondo nas lágrimas da criança que vê sua mãe ser violentada, agredida por aquele que deveria ser exemplo masculino, pai, padrasto, agora destrói TV, quebra louças, arruína sonhos, está embriagada em sua própria insensatez.
Parece radicalismo, nem todos os casos chegam a este ponto. Mas me responda se as pessoas que hoje sofrem com a doença do alcoolismo sempre beberam em demasia? Será que desde o primeiro porre agrediram seus familiares? Não. Isto é um trajeto cheio de curvas perigosas em uma estrada federal sem sinalização e com asfalto precário.
Hoje temos um batalhão de alcoólatras de um final de semana, de uma dose antes das refeições. E é este batalhão que é derrotado na primeira curva. Muitos dos que morrem em acidentes de trânsito não são os velhos dependentes, mas aqueles que bebem socialmente.
São o exercito de jovens que adentram em suas casas em silêncio com medo e vergonha de suas mães. São a milícia dos que acordam deitados em suas próprias fezes e vômitos. Mas isto a propaganda número 1 do mundo não mostra.

Vamos aos dados

Entre 1961 e 2000 o consumo per capita de álcool cresceu 154,8% no Brasil;
Os gastos em 2006 foram de R$ 118 milhões para o tratamento de 123.061 pessoas internadas devido a acidentes causados pelo uso do álcool;
92% dos casos registrados de violência doméstica estão ligados ao uso do álcool;
Acredita-se que 50% dos agressores envolvidos em violência sexual estavam embriagados;

Problemas clínicos

O álcool eleva a pressão sanguínea causando palpitações, falta de ar e dor no tórax;
Pode atrofiar os testículos; Altera o quadro de plaquetas o que torna freqüente as hemorragias;
Provoca a má absorção dos alimentos e causa desnutrição, diarréias, dores abdominais, etc.
Lesões no fígado decorrentes do abuso do álcool que podem causar doenças como hepatite, cirrose, etc.

Enfim, demonstramos aqui nossa preocupação com aqueles que bebem socialmente, pois estes são alvos em potencial. Demonstramos nosso sentimento de compaixão para com as famílias que são alvo de torturas físicas e emocionais. Vimos por meio desta, de modo simples, provocar uma reflexão sobre este assunto e não uma ofensa ou insulto. Pedimos a cada leitor e leitora que promovam este debate, que discordem, que multipliquem... Sempre cientes que muitas vezes nossa satisfação, ou nosso motivo pra ficar mais alegre ou relaxado é o grande causador da destruição de lares, famílias e vidas.