17 janeiro 2011
A capital (Literatural Marginal)
Políticos, médicos, arquitetos, burgueses, engenheiros
Confortavelmente conhecidos como pioneiros
Nós? Pedreiros, serventes, pau de arara, mãos calejando
Expulsos do centro, discriminadamente chamados de candangos
A eles há o verde, arborização, local para esporte diversão
O nosso verde, há muito tempo utilizado por eles, como lixão
Possuem praças, jardins
Irrigados com a mesma água que falta por aqui
Três meninas tomba, Noroeste ergue-se
Cerrado ao chão, Condomínio prevalece
Destinação de equipamento público, por lei modificada
Para construção de Shopping na área pelo parlamentar comprada
Fauna e flora extintas
Menos os animais selvagens da nova câmara legislativa
Lá na capital, eles têm o lago Paranoá para elevar a umidade do ar, facilitando a respiração
Lá na Estrutural, nós temos um lago de churume que sempre que chove, transborda e invade a casa da população
Quão bom é possuir plano de saúde convênio
Para que nossas crianças não nasçam em corredores ou morram nos banheiros
É a falta de leito e higiene misturados a placenta
A capital grita de dor, pede socorro, mas não agüenta
Aqui o natal não tem chester, ceia, e sim um misto de tristeza e fome
E lá na capital governador distribui panetones
Uma Brasília ora pedindo ajuda, proteção
Uma outra ora agradecendo o cifrão, o enriquecimento, a corrupção
A capital é um filme no cinema
A capital é um filme no cinema
De um lado final feliz, de outro trágico
Eles tem pontos turísticos e aqui pontos de tráfico
Comum entre as Brasílias
Porém eles possuem dinheira pra pagar a clinica
De recuperação aos seus dependentes e pra gente
Não há clinica de recuperação pra crianças viciadas, somente:
rua, redução da maioridade penal, prisão: correntes
Eu sigo amando através de minha música, de meus versos
Analisando e trabalhando por Brasília em Meio Século
*Faixa do EP 'Meio Século'
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