13 março 2012

Imprestável mente


Atualmente Brasília passa por 02 momentos que chamam bastante atenção: Greve das professoras e professores e onda de violência praticada contra moradoras e moradores de rua. Um debate sobre a ligação história entre a péssima educação na capital da esperança e a violência enraizada na sociedade ainda será travado aqui.

E inicio postando, após refletir sobre tais temas, uma letra composta em 2001.Chama-se imprestável'mente'. E naquela época abordava tais temas que infelizmente tornam-se tão atuais.

Uma boa leitura e ótimo debate a nós. Peço compreensão pela imaturidade em algumas palavras, mas analisando esta letra, imagino a mesma como um TEASER as canções Pangéia e principalmente 'O Circo' que lancei recentemente.


IMPRESTÁVEL'MENTE'

Por gentileza irmão, muita atenção o tema é discriminação
Eis a peste que estremece toda a nação
Eu posso falar, pois tenho direito assegurado na constituição
Um artigo que é desrespeitado, liberdade de expressão

Vim falar sobre racismo e logo fui discriminado
Pois não há espaço pra deixar o povo informado
O que toca no rádio, televisão é exploração do sexo
Induz a atividade sexual precoce, mas sou eu que não presto

Pois falo do homem que enquadra o burguês no semáforo
Da criança sem escola decente que acaba no tráfico
Os professores, os trabalhadores também são desrespeitados
Tudo sobe menos o salário

Também aumentam a dor, a miséria, o sofrimento
O número de pessoas tapando buraco de Br’s para garantir o alimento
Foram esquecidos pelos políticos que elegeram
Vêm o Brasil como aeroporto e mesmo assim usam do preconceito

...Viajam constantemente para o estrangeiro...

Sou discriminado porquê falo da violência em meu protesto
Mas não. A levo a discussão e mesmo assim eu não presto

Eu não presto, pelo o que sonho eu não presto.
Eu não presto, pelo o que visto eu não presto.
Eu não presto, pelo o que sou eu não presto.
Eu não presto, pelo o que vivo eu não presto.


Quem é você pra humilhar alguém por sua cor
Neste país que por negros, brancos, índios foi construído morou?
Então não desrespeite seguidores de outras doutrinas
Que antes da tua existia

Não trate uma mulher como se ela fosse inferior
Não ofenda o homossexual, pois como você tem valor
Dê uma chance para o ex-presidiário se reabilitar
Quem sabe no outro dia ele poderá voltar a assaltar

Olhe nos olhos do mano e da mina que distribuem panfletos
Ajude-os. Não estão roubando, estão trampando mesmo
Isto também vale para o engraxate, o flanelinha
Pra qualquer um que está na correria

Assim como eu que fala por aquela senhora
Preocupada não sabe se sua filha voltará da escola
Falo por quem exige reforma agrária
Não planta violência, quer colher paz. Não usa arma e sim enxada

Falo pelos mendigos que para o sistema não são cidadãos
Através das poesias proponho solução
Mas mesmo assim sou discriminado
Por familiares que acham feia a música que faço

Mas como? Se na dura realidade não vejo beleza
São cenas de dor, horror e muita tristeza.
Mas há uma luz surgindo
Sofrendo com a seca sempre vejo a alegria estampada no rosto do povo nordestino

Sempre digo que a esperança não possui cor, sexo, credo.
Talvez por isto eu não presto.


Eu não presto, pelo o que sonho eu não presto.
Eu não presto, pelo o que visto eu não presto.
Eu não presto, pelo o que sou eu não presto.
Eu não presto, pelo o que vivo eu não presto.



Aborígine, janeiro de 2001.

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