22 dezembro 2012

Do lixão... nasce a dor!



As pipas dividem espaço com urubus
Na pista não há rolimãs, mas carretas.
O dia se passa em pouca luz
Se respira em um eclipse de poeira

Lonas, madeiras, pedaços de telha, pregos expostos.
O piso batido, fios, emendas, sustentam esforços.
Trabalho diário, raro descanso, sonho pretérito.
Pra que no futuro não haja trator ou tumulto,
a derrubar o lar, o teto.

Singela morada que externiza orgulho
Apenas uns palmos num canto do mundo
Apenas a mata que fica nos fundos
Da câmara, senado, ou debaixo de viadutos.

Sobras de obras viram carroças que por horas trafegam
Levam pra casa o que sua casa nega
O resto, o podre, o que se perdeu
que a promoção não vendeu
Fora de moda agora são velhas

A compra do voto em camisa impressa
Comumente usada de sul a norte
Trazem a certeza de falsas promessas
Pois vestem elas e não uniformes

Pro aumento da renda a infância não dorme
Na noite procura, vasculha o lixo.
Aguarda descarga proveniente do shopping
Mas o cansaço é forte acaba dormindo

Em cima do monte de produto vencido
Faz deste mesmo lixo o seu cobertor
Ao amanhecer família chora
Criança foi morta, esmagada por um trator.

Por Markão Aborígine

[Trechos de http://youtu.be/MvvEIDSD5Vc]


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