17 agosto 2013
Invisíveis
Olhe nos olhos
daquele
daquela
Que distribui panfletos
Receba-os
Para aquele
Para aquela
Traz o pão, é emprego
Não vê a criança
Com halls
Chiclé
Jujuba?
Dá importância
Pensa no mal
Sobe o fumê
Chama viatura
Qual a cor
De quem está na rua
Ou limpa o piso
da loja?
Qual a cor
Da sala do Galois,
Da Vinci
ou da Católica?
Metamorfose
Nosso povo
se transformou em:
Homem placa
Mulher placa
Exame admissional
Compro ouro
Dentista-quase de graça
Pra construtora
Balança bandeira
Anuncia suposta promoção
Enquanto é
Afastado para lonas e madeiras
No Entorno da Especulação
Na ficção
A invisibilidade é poder
Heróis e Heroínas
Na nação
A invisibilidade é morrer
Doenças e chacinas
Viu o sanfoneiro?
80 anos
Debaixo do sol
Pele queimada
Perfil brasileiro
Roubado por bancos
Coisa normal
Cena diária:
Sou cego
Mas não me entrego
Canto forró
Toco sanfona em troca de moedas
Futuro incerto
Não nego
Pois quem passa
Também não enxerga!
Resta
Um alerta
O mais difícil é olhar pra si
E se
Foi invisibilizado
É hora de reagir!
Por Markão Aborígine
O Canto dos Mártires
Do livro 'Sem rosto, família ou nome'
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Um comentário:
Sensacional Markão!!!
Aos poucos estou conhecendo sua poesia... Mas é preciso tempo para digerir tanta densidade.
Obrigada por compartilhar.
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