13 março 2011

Resenha: Clipe Meio Século


Aborígine lança clipe Meio Século em homenagem a candangos massacrados

O rapper Aborígine lança o clipe que expõe as contradições e diferenças entre Brasília e suas satélites. Homenagem aos operários da GEB assassinados em massacre marca a produção independente

Com o mote Brasília outros 50, o rapper de Samambaia Aborígine lança neste verão o clipe Meio Século, gravado em mais 12 cidades além do plano piloto. A produção independente e de baixíssimo custo foi realizada ainda em 2010 mas finalizada e apresentada no fim de janeiro e está publicada no site de vídeos You Tube.

Segundo o rapper que contou com o apoio do coletivo de audiovisual independente Nakaradura Produções, o clipe foi uma homenagem aos operários candangos que sofreram o massacre da GEB, ainda em 1959. Além disso, o vídeo expõe uma série de contradições da capital tendo rodado por várias satélites em contraste com cartões postais da cidade.

A produção realizada com apoio da Rede Quilombo e teve direção de Alan Mano K, também do movimento hip hop. A câmera e equipe de produção é toda voluntária, composta por Julyana Duarte, Cris de Souza e o ator que representa o operário é de São Sebastião, conhecido como Bob Cash. No vídeo, trechos de vídeos do Arquivo Público de Brasília e do filme Conterrâneos Velhos de Guerra, de Wladimir Carvalho trazem o peso documentário ao clipe que ilustra. Tem também apoio do Coletivo ArtSam, de Samambaia.


Para o autor da letra, Aborígine, o clipe traz voz as contradições da periferia de Brasília em seus 50 anos. “O objetivo geral do clipe é este: Contrapor as estatísticas de maior Índice de Desenvolvimento Humano(IDH) do país, apresentar suas contradições e inspirar cada um e cada uma para transformação, para a luta. Pra que Brasília seja de todos e todas”, disse o autor da letra.

Para o MC Markão, mais conhecido como Aborígine --natural da terra— conviver com essas contradições é comum desde a infância. Filho de pais paraibanos, conviveu com a segregação imposta as satélites ao longo de sua juventude. Hoje, além de rapper, Aborígine é Conselheiro Tutelar na Cidade Estrutural e convive diretamente com as misérias que retrata em suas letras.

Neto do cordelista Pedro Dantas, da Paraíba, teve suas primeiras influências com a poesia por ele. Apesar de analfabeto o avô deixou uma forte semente da cultura dos versos em Aborígine, o que se potencializou no ensino fundamental já em Brasília, quando conheceu o Hip Hop. Ele lançou em 2009 seu primeiro CD, “Noite Dia, Dia Açoite, Noite Fria”, também independente. Em 2010 um demo com poemas dele e de autores de Samambaia.

O coletivo Nakaradura Produções coordenado por Alan Manu K é um grupo de produção audiovisual de periferia e realiza produções de baixo custo com voluntários em diferentes cidades do DF. Hoje é composto por ativistas de Recanto das Emas, São Sebasião, Vale do Amanhecer, Riacho Fundo e Ceilândia.

Como diria Nicolas Behr

Num de seus poemas no livro Poesília, o poeta e escritor reconhecido na capital por sua ironia sobre a capital, também fez muitas peças de denúncia. Dentre elas o poema que deixava um apelo aos jovens. Sem saber, Aborígine alcançou o pedido do poeta.

VIETNANZINHO CANDANGO ou
A MANCHA QUE NÃO SAI
por Nicolas Behr

não se esqueçam
do massacre da GEB

façam um filme,
documentário,
escrevam um livro,
comentem com
os amigos,
mas não se esqueçam

não se esqueçam nunca
do massacre da GEB

Para assistir ao Clipe clique AQUI

Por Vinícius Borba

Jornalismo, produção cultural e assessoria de comunicação
(61)8551 1075/ 33390782 - viniciusborba.cultura@gmail.com
skype: viniciusborba61

Nenhum comentário: