08 setembro 2011
Duelo de MCs: Resistir Sempre
Equipada de despreparo e autoritarismo, na companhia do Juizado da Infância e da Juventude e da TV Record, a Polícia Militar de Minas Gerais (PM-MG) protagonizou cenas lamentáveis na noite da última sexta-feira durante o “Duelo de MCs”.
Sob o argumento de uma “operação policial que visava prevenir e coibir o consumo e o tráfico de drogas no local”, a instituição que responde pela segurança pública do estado, sem comunicar previamente o coletivo Família de Rua (FDR), chegou ao viaduto Santa Tereza por volta das 22h40 dando ordens para que o Duelo fosse interrompido e solicitando que o som fosse desligado imediatamente para que a “operação” acontecesse.
Questionado da situação e da postura assumida pela polícia naquele momento, o Tenente Albuquerque (comandante da ação) evitou o diálogo, dirigiu-se aos integrantes da FDR de forma bastante arrogante e ainda ameaçou usar a força caso não fosse atendido.
Ciente dos seus direitos e munida do alvará de funcionamento, a Família de Rua assumiu a responsabilidade e reiniciou o “Duelo de MCs”. Durante a atuação da PM centenas de pessoas foram revistadas e algumas detidas, incluindo menores de idade que portavam drogas e bebidas alcoólicas. Tudo foi registrado por profissionais da TV Record, que em nenhum momento demonstraram interesse em mostrar as manifestações artísticas que aconteciam no palco ao lado.
Ao final da noite, numa demonstração desnecessária de autoridade e poder, Albuquerque e sua equipe, após não deixarem que dezenas de pessoas saíssem dos arredores do viaduto por cerca de 40 minutos, submeteram os integrantes do coletivo Família de Rua a uma revista minuciosa. Mais uma vez, o abuso de autoridade e a falta de diálogo, presentes em frases como: “eu quero os quatro de pé na minha frente agora”, “eu estou mandando, de pé aqui embaixo agora”, marcaram os acontecimentos.
Contextualizando
No último dia 24 de agosto o “Duelo de MCs” completou quatro anos de atividades em Belo Horizonte. Como já é do conhecimento de muitos, desde o início, entendendo a necessidade de estabelecer parcerias que contribuam com o trabalho realizado debaixo do viaduto Santa Tereza, o coletivo Família de Rua propõe o diálogo com as diversas instituições envolvidas no processo, o que inclui, por exemplo, a Prefeitura de Belo Horizonte e a PM-MG.
De fato, o crescimento do público e da visibilidade do “Duelo de MCs” pressupõe uma atuação mais efetiva no que diz respeito a garantir a estrutura necessária para a realização do encontro e a segurança pública no espaço. Os diálogos avançaram e continuam avançando em algumas instâncias, mas permanecem inertes em outras.
Como já informamos em outras ocasiões, por diversas vezes procuramos a Polícia Militar buscando prevenir e resolver os problemas, sobretudo o uso e tráfico de drogas no “Duelo de MCs”. Reuniões foram realizadas, acordos estabelecidos, mas, de fato, nada foi cumprido. Sem apresentar nenhum estudo concreto acerca da situação, a polícia simplesmente não atua preventivamente no “Duelo de MCs” alegando falta de contingente.
Resistência
A atuação despreparada da PM, dos órgãos de proteção à criança e ao adolescente e da mídia sensacionalista na noite da última sexta-feira reforça ainda mais o posicionamento da FDR diante deste tipo de situação. Não vamos ficar de braços cruzados. Se até então lutamos e resistimos por acreditar nos ideais e princípios da cultura Hip Hop e na legitimidade da nossa atuação, o faremos com mais afinco.
O diálogo com o poder público, em suas diferentes instâncias, continua. E, querendo algumas pessoas e instituições, ou não, contando com a colaboração dos mais diferentes atores – público, grupos e coletivos culturais, artistas, instituições públicas etc. – trabalharemos para solucionar os problemas, superar os obstáculos e manter o “Duelo de MCs” acontecendo a todo vapor.
Vida longa à cultura de Rua!
Atenciosamente,
Família de Rua.
Acesse o blog do Duelo clicando AQUI
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário