23 janeiro 2010
Ossos Secos
O sopro da vida que bate em meu peito
O sopro da vida...
O sopro da vida que traz a vida
Aos ossos secos...
Para o azul do céu se clama que no solo aja um verde
O pranto que cai é a água que a terra não sente há meses
Vida sofrida, cacimba vazia, riacho de terra.
Carne resseca, mas a esperança não hiberna.
É embalada pela cantiga, pelo som da viola.
Pela nuvem negra que mal chega e já vai embora
Na roça, carroça de palma, para o gado cultivador.
Devido à gota que caiu daquela nuvem que passou
Lavrador. Sempre na certeza que não esta a sós
Sua esperança é resistente à seca como um Aveloz
Inspiração pra nós da caatinga de concreto
Frustração no pretérito e para o futuro incrédulos
Pra que? Por quê? E Como?
Suponho que já foram de encontro aos seus sonhos
Esperar, alcançar – verbos ligados.
Espera e alcança, mas não na cama, acordado.
Levanta e anda, pois a chama arde, nunca é tarde.
Nos ossos secos brotarão músculos e carnes
Nas adversidades o crer não pode ser morto
Pois a vida vem do azul do céu em forma de sopro.
Em partículas de água vejo o rosto de um só povo
Enxergar uma beleza nas cores do arco-íris é o tesouro
Que deve ser utilizado como um bem comum
De modo que unidos na mão, não sejam, senão um.
E não distintos pelo reflexo do espelho
Homem é homem. E não homem branco/homem negro
Livres da exclusão de nobres horários
Em novelas os índios não serão brancos maquiados
Do quadro negro e do giz branco flui o ensino
Isolados só resta o vazio
Este vazio que se expande
Faz enxergar diferente cores em um vermelho de um mesmo sangue
Relevante é o todo em um e o um em todo
O pequeno gigante o fraco poderoso
O conflito, o insulto, o olhar agressivo.
É interrompido pela força de um suspiro
Gemido produzido pela idosa debilitada
Que em sua fraqueza busca força e traz a calma
Pára! Quem briga se reconcilia
Esta idosa é o osso seco com sopro de vida.
Pois a vida é pra se viver
E a felicidade alcansar
Com dignidade colher
E solidariedade plantar
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