23 janeiro 2010

Pretérito Imperfeito


Pretérito imperfeito. Como é belo o nascer de uma estrela vivida
Nunca pude contemplar com um andar tremulo e mente entorpecida
Senti a brisa do orvalho puro, mas foi envolvida
Pelo refluxo alimentício, pelo perfume combustível que incendeia e vicia
Se subia de degrau em degrau em silencio
Pois o filho não interrompe o sono da mãe em sofrimento
Consciência inativa, cansaço, murmuro, os muros acolhem
O balancear do responsável pelos sofrimentos maternos que nunca dormem
Situações ridículas, o mundo gira sem o despertar da luz
Desentupidores de pias são os membros que limpam a não digestão de alimentos crus
Boas idéias, prestigiar o vermelho do sol com grandes amigos
Só ele é assim lhe faz descer em círculos
Viciosos que no caminhar se mostram dolorosos
Assinatura na carteira de trabalho? Na certidão de óbito
Quantos corpos não reconhecidos, presos em ferragens, despedaçados
Como o meu coração em uma dose de ilusão e fracasso
Braços levantados, preso na própria insensatez, inconsciência
Viram copos, viram carros. Riem alegres, choram na doença
Desrespeito com o templo, com a crença
No momento santo o pecado faz a presença
Atos burros, atos tolos, sujo como rato de esgoto
O cheiro é o mesmo, mas o rato não procura o veneno diferente do outro
Prestação da morte, caso de saúde pública
Responsável pela destruição de famílias através de torturas

Físicas, emocionais, psicológicas
Palavras ferem mais que tapas
Se irrigam com álcool as rosas
No despertar amanhecem mortas

São as histórias de vida que foram destruídas
Depositadas em calçadas, corredores de hospitais e clínicas
Coincidem com a minha. Felizmente sem agravantes
Pois o acaso tinha preparado algo pra mim muito tempo antes
Ao invés de ser arrastado por não conseguir andar
Ando para arrastar pessoas que com eu não conseguem enxergar
Que o vazio do coração não é preenchido por alegrias mundanas
Gargalhadas na fria madrugada de um chão frio que se faz cama
Mas a propaganda sempre usa o sucesso
Artistas, modelos jovens esbeltos
Podium certo, 1º colocação em júris internacionais
É o Brasil a terra dos melhores comerciais
Mas é claro quantos sorrisos damos, quanto compramos?
Daquilo pelo qual atravessamos o atlântico
Também né com esse calor
Só uma gelada e uma mulata de maiô
Absurdo a imagem feminina usada como objeto
Para atrair o profissional competente, mas agora doente e sem sucesso
Absurdo a imagem de jovens contentes e sempre alegres
Mas escondem o futuro adulto que acorda em suas próprias fezes.

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